Com a imensidade de recursos de eletroterapia que temos disponíveis na Estética, é comum que não saibamos em quais vale a pena investir.
Para auxiliar a nortear a sua prática clínica, eu reuni três equipamentos que trazem resultados de excelência na área de corporal e/ou facial, levando em conta a minha experiência clínica e aquilo que a Ciência aponta como comprovadamente eficaz.
Ultrassom para estética corporal
De modo geral, os aparelhos de ondas sonoras têm a frequência como maior determinante dos seus efeitos fisiológicos – quanto menor for ela, maior será a profundidade de penetração da onda no tecido.
Em função do seu nível de evidência científica e dos meus anos de estudo e experiência em relação a esse recurso, eu atribuo o ultrassom como um equipamento indispensável a todos que buscam entregar resultados eficazes em estética corporal.
Indicações e parâmetros do ultrassom
No tratamento de gordura, o aparelho promove a saída de ácidos graxos e glicerol de dentro do adipócito (processo de lipólise). Quando aplicado em frequências mais baixas (3 MHz), o ultrassom atinge o tecido adiposo e diminui os perímetros corporais e a espessura das dobras cutâneas.
Em celulite inflamatória, quando aplicado no modo pulsado, com frequência de 3 MHz e intensidade de, no máximo, 1,5 W/cm², esse aparelho de ondas sonoras promove lipólise, acelera as respostas anti-inflamatórias e a regeneração das áreas lesionadas. Em casos de celulite fibrótica, por outro lado, é preciso utilizar o ultrassom no modo contínuo, seguindo os mesmos parâmetros de frequência e intensidade anteriores.
A regeneração tecidual promovida também torna esse equipamento um excelente coadjuvante no tratamento de flacidez tissular. O artigo A Review of the Use of Ultrasound for Skin Tightening, Body Contouring, and Cellulite Reduction in Dermatology aponta os efeitos benéficos do recurso no contorno corporal, na flacidez e em quadros celulíticos, promovendo lipólise.
- Dica: ao aplicar ultrassom, opte pela fonoforese, substituindo o gel puro por gel com um princípio ativo. Assim, os efeitos do tratamento são potencializados.
Ultrassom na face
Pesquisas indicam que as ondas sonoras estimulam a proliferação de células ósseas quando aplicadas onde pode-se atingir estrutura óssea. Por isso, eu evito tal aplicação e sugiro muita atenção ao uso do ultrassom com frequência inferior a 5 MHz na face.
Fototerapia para estética facial
Aparelhos de fototerapia são utilizados tanto para o fim de reabilitação quanto para a Estética. Na nossa área, esse recurso apresenta excelentes níveis de evidência científica no âmbito facial.
Diferença entre laser e LED
Primeiramente, é preciso diferenciar laser e LED. O primeiro emite um feixe de luz luz colimado, motivo pelo qual a energia propagada atinge o tecido-alvo de forma pontual. O LED, por outro lado, é um tipo especial de diodo semicondutor que produz luz não coerente e não colimada; por isso, a luz chega ao tecido de forma difusa.
Luz azul e luz vermelha
A luz azul (por volta de 400-470 nm) é altamente eficaz no tratamento de acne. Afinal de contas, o seu potencial bactericida inibe a atividade da bactéria P. acnes, uma das causadoras da afecção.
Já a luz vermelha, por inibir espécies reativas de oxigênio, atua como anti-inflamatória, e ao estimular a proliferação de fibroblastos e a produção de colágeno, promove a regeneração tecidual (tornando-a eficaz, também, no rejuvenescimento facial). O artigo “Blue and red light combination LED phototherapy for acne vulgaris in patients with skin phototype IV” aponta os efeitos do LED azul e vermelho em paciente com acne vulgar, evidenciando a eficácia do aparelho.
Outras aplicações
Para o tratamento de melasma, a fototerapia de baixa intensidade é uma coadjuvante interessante por inibir a melanogênese e induzir a autofagia melanocítica.
Em casos de rosácea, ainda precisa-se de mais pesquisas que evidenciam os efeitos da fototerapia. Porém, estudos indicam que o recurso pode mediar a inflamação e os marcadores que estão envolvidos na patogênese, além de amenizar os sintomas da afecção.
Radiofrequência para estética facial e corporal
Os danos térmicos que resultam do aquecimento tecidual promovido pela radiofrequência são um importante meio de estimular o remodelamento do colágeno dérmico. Por isso, em afecções que exigem melhora do aspecto e do relevo da pele, o tratamento com esse recurso pode ser elencado tanto em corporal quanto em facial.
Radiofrequência na face
Na face, a radiofrequência tem grande nível de evidência científica quando aplicada em cicatrizes hipotróficas de acne, uma vez que gera uma cascata de eventos inflamatórios no tecido-alvo, como o aumento da vascularização do fluxo sanguíneo e a formação de edema.
Resulta-se, assim, em produção de colágeno e proliferação de fibroblastos. Os efeitos do aparelho no rejuvenescimento cutâneo envolvem a contração do colágeno e a estimulação da sua síntese através do reparo tecidual.
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Aplicações da radiofrequência no corpo
Na região corporal, a radiofrequência tem eficácia garantida em estrias cutâneas por estimular a produção de colágeno. Na flacidez tissular, o aparelho leva ao aumento da nutrição do tecido e da densidade do colágeno, e à diminuição da distensibilidade. Percebe-se, também, um estímulo à síntese de elastina.
No tratamento de celulite, o principal efeito da radiofrequência advém da melhora do aspecto de casca de laranja da pele, que surge em decorrência do excesso de gordura localizada ou flacidez. Na celulite fibrótica, o aparelho aumenta a elasticidade dos tecidos fibrosos.
- Atenção: Nesse caso, não deve-se ultrapassar os 38°C de aplicação.
Para gordura corporal, esse recurso gera danos térmicos letais em tecidos adiposos subcutâneos, resultando em necrose adipocitária. Portanto, a radiofrequência é eficaz no tratamento de gordura, também.
Conclusão
Optar pelos aparelhos de eletroterapia que farão parte da sua clínica pode ser uma tarefa difícil, principalmente em início de carreira. Afinal, são vastas as opções oferecidas, inclusive de ‘novidades’ que ainda não são referenciadas pela literatura.
Por isso, é necessário pensar clinicamente. Opte pelos recursos que têm eficácia comprovada pela Ciência e que podem ser elencados em um maior número de afecções. Assim, garante-se a entrega dos melhores resultados clínicos, além de segurança na prática da Estética.