O período gestacional é marcado por uma série de mudanças fisiológicas no corpo da mulher, que objetivam desenvolver um ambiente propício para o crescimento do feto. Essas transformações são basicamente resultados da interação de quatro variáveis: 

  • Alterações hormonais que atuam nos tecidos conjuntivo e muscular;
  • Incremento do fluxo sanguíneo para útero e rins; 
  • Acréscimo do peso corporal e modificações adaptativas no centro de gravidade com consequente alteração postural;
  • Aumento do útero em decorrência do crescimento fetal.

O útero pode ser considerado o órgão que sofre as alterações mais perceptíveis durante esse período, e por isso pode causar um estiramento importante da musculatura abdominal, promovendo a separação dos feixes dos músculos retos abdominais, a chamada DMRA.

Na atualidade, existe uma discussão importante acerca das possíveis abordagens terapêuticas para o tratamento da DMRA.

Já é consenso que os exercícios pós-natal trazem muitos benefícios para a mãe e para o bebê — incluindo melhor condicionamento cardiovascular, perda de peso, qualidade em lactação e crescimento infantil —, e que o fortalecimento da musculatura abdominal é essencial para reduzir a DRAM e suas complicações, como a dor lombar. 

Mas será que a utilização de correntes excitomotoras pode auxiliar neste tratamento? Existe algum risco? É contraindicado? 

Existe um ponto de divergência nesta questão por parte dos profissionais da área. Por isso, reuni dois estudos que podem te auxiliar na hora da tomada de decisão do plano de tratamento.

  1. Publicada em 2017 no Annals of Rehabilitation Medicine, a pesquisa “Neuromuscular Electrical Stimulation and Strength Recovery of Postnatal Diastasis Recti Abdominis Muscles mostrou que a adição da estimulação elétrica neuromuscular ao programa de reabilitação DRAM é valioso para a recuperação dos músculos abdominais pós-natal. Sendo que essa melhora pode ser atribuída às maiores intensidades de sobrecarga muscular que levam a maiores ganhos de força, advindas da combinação entre exercícios e estimulação elétrica neuromuscular.
  2. Effect of Electrical Stimulation Followed by Exercises in Postnatal Diastasis Recti Abdominis” foi publicado em 2019, e os autores tinham por objetivo comparar os efeitos da estimulação elétrica e de exercícios na diástase pós-natal do reto abdominal. Em conclusão, os autores afirmaram que o referido estudo forneceu evidências para concluir que a estimulação elétrica, quando administrada junto com exercícios para pacientes com diástase reticular abdominal no período pós-natal, foi mais benéfica do que os exercícios convencionais isolados.

Levando em consideração não apenas esses estudos, mas outros publicados em revistas de qualidade ao longo do tempo, as correntes excitomotoras estão, sim, dentro de nossas condutas clínicas para o tratamento de diástase do reto abdominal.

É evidente que precisamos de mais pesquisas sobre o assunto, contudo, levo sempre em consideração a prática baseada em evidências científicas que engloba três aspectos importantes na elaboração do plano de tratamento: melhor nível de evidência disponível, necessidade do paciente e experiência clínica.

REFERÊNCIAS:

https://www.ijhsr.org/IJHSR_Vol.9_Issue.3_March2019/13.pdf

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28758085/#:~:text=Objective%3A%20To%20assess%20the%20effect,recti%20abdominis%20muscles%20(DRAM).&text=Conclusion%3A%20NMES%20helps%20reduce%20DRAM,it%20can%20augment%20the%20effects.

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