Com eficácia comprovada por uma ampla gama de estudos científicos, o ultrassom convencional é um dos principais recursos de eletroterapia elencados em clínicas de Estética quando o assunto é tratamento corporal.

Assim, é fundamental dominar os princípios físicos do aparelho, as suas indicações e os parâmetros ideais de aplicação. É sobre isso que falamos no texto de hoje.

Princípios físicos do ultrassom

O ultrassom tem sido utilizado, na área da saúde, no manejo de inúmeras disfunções, variando desde a reabilitação musculoesquelética até a permeação transdérmica de ativos a partir da fonoforese. Na Estética, sabe-se que o recurso traz resultados eficazes principalmente em alterações corporais.

Em suma, para compreender os princípios físicos do ultrassom, deve-se dividi-lo em recursos que usam intensidades baixas (0,125 a 3 W/cm²), cujos objetivos são promover o transporte de ativos pela pele ou estimular respostas fisiológicas normais à lesão, e recursos que usam intensidades altas (≥ 5 W/cm²), buscando destruir o tecido de forma controlada.

Ainda, diferencia-se os aparelhos de acordo com a frequência, que se trata do número de vezes que um ciclo se repete em 1 segundo, sendo medida em hertz (Hz). Tal parâmetro é responsável por definir a profundidade de penetração da onda; quanto menor for a frequência, maior será a profundidade atingida, e vice-versa. 

Em síntese, frequências entre 1 e 3 MHz são elencadas quando o objetivo é atuar a nível de sistema tegumentar e tela subcutânea. Por sua vez, frequências por volta dos 5 MHz atuam a nível epidérmico e dérmico.

O ultrassom convencional também é dividido em contínuo e pulsado. No ultrassom contínuo, a emissão da onda não é interrompida e a amplitude ou intensidade permanece constante a 100% durante toda a aplicação. Com isso, tem-se os efeitos térmicos do aparelho. Por outro lado, o ultrassom pulsado tem a emissão da onda interrompida por curtos intervalos durante a sua propagação; com isso, há variações de pressão no meio irradiado. 

Quando não se busca o aquecimento tecidual, os ciclos de trabalho utilizados são de 5% e 10%.

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Indicações do ultrassom convencional

Os parâmetros elencados na aplicação determinam os efeitos fisiológicos gerados e, então, as indicações de tratamento. De modo geral, o recurso demonstra eficácia no manejo da inflamação e na regeneração tecidual, na regeneração tecidual e na flacidez tissular, no tratamento de gordura localizada e celulite, e na permeação transdérmica de ativos (fonoforese).

Inflamação e regeneração tecidual

Pesquisas demonstram que o ultrassom de baixa intensidade tem resultados benéficos no controle de processos inflamatórios. 

Seguindo a parametrização correta, o recurso é capaz de:

  • Promover regulação positiva à expressão de genes anti-inflamatórios e imunossupressão de algumas linhagens celulares;
  • Aumentar a expressão dos reguladores mestres das células imunossupressoras;
  • Incrementar a biogênese do exossomo, mediadores de ancoragem;
  • Aumentar as vesículas e exossomos extracelulares para fornecer suas moléculas anti-inflamatórias às células-alvo.

Ainda, o ultrassom convencional tem a capacidade de promover a regeneração de tecidos quando aposta-se nos mecanismos não térmicos do recurso. Basicamente, o ultrassom é capaz de aumentar a síntese de proteínas, incluindo a do colágeno. 

Além disso, a técnica pode auxiliar na contração da ferida e na remodelação do tecido cicatricial, alterando o padrão da fibra de colágeno.

Regeneração tecidual e flacidez tissular

Propõe-se que o ultrassom é capaz de regular as ciclinas, um conjunto de proteínas responsáveis por controlar a progressão celular. Essa regulação do ciclo celular ocorre através da ativação de vias como a quinase/proteína ativada por mitógeno e a via regulada por sinal extracelular (ERK/MAPK), além da via fosfatidilinositol 3-quinase/proteína quina B (PI3K/Akt). 

Ademais, estudos demonstraram que o ultrassom convencional estimula a proliferação de fibroblastos por meio da ativação de receptores de integrina e da via de sinalização Rho/ROCK/ERK.

Contudo, ainda necessita-se de mais estudos clínicos referentes à utilização do ultrassom na melhora da flacidez tissular.

Gordura localizada e celulite

Estudos têm demonstrado que as ondas sonoras podem estimular a mobilização de gordura via lipólise, especialmente em abdômen, cintura e flancos, resultando na redução do tecido adiposo. 

A dosagem de 1 W/cm² é considerada eficaz para aumentar os níveis plasmáticos de ácidos graxos livres, evidenciada pelo aumento significativo da concentração de norepinefrina no dialisato, fluido extracelular do tecido adiposo perirenal. Assim, acredita-se que o ultrassom promova a mobilização de gordura ao estimular a secreção de norepinefrina pelos nervos simpáticos no tecido adiposo.

Quando nos remetemos à celulite, sabe-se que as ondas de ultrassom podem atuar positivamente nos adipócitos e em outras estruturas do sistema tegumentar por diversos mecanismos, atuando positivamente no manejo da afecção. Além disso, as suas propriedades anti-inflamatórias e remodeladoras teciduais podem ser eficazes no tratamento da alteração estética.

Os parâmetros de aplicação do recurso devem ser alterados de acordo com o tipo de celulite.

Permeação transdérmica de ativos (fonoforese)

Tem-se comprovado cada vez mais a eficácia das ondas sonoras como facilitadoras da absorção cutânea de fármacos e princípios ativos.

Em suma, a fonoforese refere-se à aplicação tópica de substâncias pelo estrato córneo, as quais são dirigidas pelas ondas sonoras aos tecidos-alvo, que podem ser a derme e o tecido adiposo. 

Deve-se veicular os ativos em gel para não minimizar a transmissibilidade das ondas sonoras até o tecido-alvo. Além disso, devem estar em contato com a camada mais externa do sistema tegumentar e o cabeçote do ultrassom. 

Parâmetros de aplicação do ultrassom

Anti-inflamatório
Modo: pulsado (5%)
Dose: Até 1,5 W/cm²
Tempo de aplicação: Área / ERA

Flacidez tissular
Modo: Pulsado (10%)
Dose: Até 1,5 W/cm²
Tempo de aplicação: Área / ERA

Gordura localizada
Modo: Contínuo
Dose: Até 3 W/cm²
Tempo de aplicação: Área / ERA

Celulite inflamatória
Modo: Pulsado (5%)
Dose: Até 1,5 W/cm²
Tempo de aplicação: Área / ERA

Celulite fibrótica
Modo: Contínuo
Dose: Até 1,5 W/cm²
Tempo de aplicação: Área / ERA

Confira, no vídeo abaixo, uma demonstração de aplicação do ultrassom convencional. O material foi retirado do livro Eletroterapia de Precisão Aplicada à Estética, que será lançado em 2025.

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