O conhecimento sobre os processos que envolvem o envelhecimento humano tem avançado de forma notável nos últimos anos. As pesquisas mais atuais indicam que se trata de um fenômeno dinâmico, progressivo e irreversível, influenciado por variáveis sociais, biológicas e psíquicas.
No que diz respeito aos procedimentos destinados ao manejo dessa condição, os preenchedores têm ganhado destaque crescente por sua capacidade de aumentar o volume tecidual, redefinir os contornos faciais e, além disso, oferecer uma variedade de benefícios.
Principais preenchedores e seus mecanismos de ação
A procura por procedimentos estéticos injetáveis, especialmente os preenchedores com substâncias biocompatíveis (como o ácido hialurônico e os polímeros sintéticos, incluindo o ácido poliláctico e a hidroxiapatita de cálcio, por exemplo) tem crescido de forma significativa nos últimos anos.
Ácido hialurônico
O ácido hialurônico é um polímero linear do grupo das glicosaminoglicanas, formado por unidades dissacarídicas de β-1,3-N-acetilglucosamina e ácido β-1,4-glucurônico, naturalmente presente no organismo. Uma vez que possui carga negativa, trata-se de uma molécula altamente hidrofílica. Assim, favorece a retenção de água e contribui para a hidratação, o volume, a sustentação e a integridade das fibras de colágeno presentes na matriz dérmica extracelular.
O sucesso do ácido hialurônico quando injetado no tecido decorre tanto de suas propriedades estruturais quanto de sua capacidade higroscópica, que promove a volumização dos tecidos moles e otimiza os resultados estéticos. Além disso, de acordo com pesquisas, o preenchimento com ácido hialurônico reticulado é capaz de mudar a morfologia dos fibroblastos e, então, propiciar a síntese de colágeno.
Ademais, estudos já evidenciaram a atividade bacteriostática de concentrações elevadas de ácido hialurônico com pesos moleculares médios e baixos frente a diferentes bactérias, incluindo Staphylococcus aureus.
Sua ação anti-inflamatória decorre tanto da capacidade antioxidante quanto da atuação do hialurano exógeno, que favorece a eliminação de prostaglandinas, metaloproteinases e outras moléculas bioativas através da drenagem e depuração tecidual.
Ácido polilático e hidroxiapatita de cálcio
O ácido polilático e a hidroxiapatita de cálcio são utilizados amplamente quando o objetivo é estimular a síntese de colágeno. Em suma, o profissional conhece esses compostos popularmente como bioestimuladores, e microesferas suspensas em diferentes meios carreadores constituem-nos, o que permite sua introdução no tecido.
Embora a solução transportadora possa promover uma volumização imediata do tegumento, esse não é o efeito principal desejado. Após alguns dias ou semanas, essa distensão mecânica diminui, enquanto as micropartículas permanecem no local, desencadeando uma resposta inflamatória controlada que leva à produção de novo colágeno.
Três meses após a primeira aplicação de ácido polilático, observa-se um aumento significativo na quantidade de fibras de colágeno, acompanhado pela redução progressiva da resposta inflamatória. Em cerca de 6 meses, o processo inflamatório retorna aos níveis basais, enquanto a atividade fibroblástica permanece ativa. O colágeno tipo I pode ser identificado ao redor do encapsulamento das micropartículas de ácido polilático entre 8 e 24 meses após o início do tratamento. Por volta do nono mês, essas micropartículas passam a ser degradadas e metabolizadas pela mesma via do ácido láctico.
A hidroxiapatita de cálcio atua de forma similar. Em suma, as microesferas passam por um processo de encapsulamento mediado por uma rede de fibrina, fibroblastos e macrófagos, culminando em fibroplasia. Evidências científicas indicam que a neocolagênese induzida pelo ativo tem início por volta da quarta semana e pode persistir por 12 a 18 meses.
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Indicações dos preenchedores
A principal indicação dos preenchedores na prática clínica é o rejuvenescimento facial, especialmente quando o profissional associa a técnica a recursos como toxina botulínica e fios de sustentação, por exemplo.
A restauração dos contornos faciais e o preenchimento de áreas com perda de volume tecidual são indicados em:
- Sulco nasolabial;
- Depressões infraorbitárias;
- Linhas de marionete;
- Sulco pré-lacrimal;
- Região periocular;
- Glabela;
- Remodelação nasal;
- Preenchimento labial.
Contraindicações dos preenchedores
O preenchimento é contraindicado durante a gestação, no período de lactação e em indivíduos imunocomprometidos. Em pacientes com suspeita de hipersensibilidade, o profissional deve realizar o procedimento somente após avaliação criteriosa e, então, optar por substâncias totalmente reabsorvíveis. Além disso, quando houver processos inflamatórios ativos no sistema tegumentar (como acne, rosácea ou outras dermatoses), o profissional deve tratar essas condições previamente.
Também contraindica-se a técnica em portadores de doenças autoimunes, em pacientes com distúrbios de coagulação ou com histórico de cicatrização patológica.

Técnicas de aplicação
Técnica de punção seriada
Indica-se essa técnica especialmente para o tratamento de rugas finas e superficiais. A técnica consiste em realizar múltiplas punções em intervalos curtos ao longo das linhas que o profissional trata. Durante o procedimento, o profissional deve esticar firmemente a pele com a mão não dominante, enquanto ele insere a agulha, posicionada com o bisel voltado para cima, quase paralelamente à superfície cutânea, formando um ângulo aproximado de 10° a 30°.
Também pode ser empregada no tratamento de rugas moderadas a profundas, como as localizadas na região nasolabial. Assim, recomenda-se que a agulha seja introduzida em um ângulo de 45° a 90°.
Técnica linear
Também conhecida como técnica de retroinjeção, consiste em introduzir (quando necessário) todo o comprimento da agulha na área a ser tratada. Em suma, a deposição do preenchedor ocorre durante a retirada da agulha, ao longo do trajeto da afecção, formando um fio contínuo de produto no tecido-alvo.
Técnica em leque
Semelhante à técnica de retroinjeção, porém sem a retirada da agulha do tecido. Mantendo o ponto de entrada, a agulha é direcionada para diferentes ângulos, realizando-se, assim, múltiplos movimentos de retroinjeção para deposição do produto.
Linhas cruzadas
Inicialmente, o profissional deposita o produto de maneira paralela no tecido-alvo. Em seguida, ele aplica novas injeções perpendicularmente às primeiras linhas, formando um padrão semelhante a uma “hashtag” ou “jogo da velha”. O profissional indica essa abordagem para áreas de maior amplitude e quando se busca aprimorar os contornos faciais.
Técnica em bolus
Consiste na inserção da agulha de maneira perpendicular ou oblíqua em um único plano do tegumento. Nessa abordagem, o preenchedor é depositado em pontos específicos, formando, assim, bolus bem delimitados.
Técnica em torre
Consiste, em suma, em injetar perpendicularmente ao osso, depositando quantidades progressivamente menores de preenchedor em diferentes níveis teciduais à medida que o profissional retira o dispositivo.








