O microagulhamento consiste na utilização de microagulhas que geram microlesões controladas na pele. Quando aplicado em camadas mais superficiais, atua predominantemente na epiderme, favorecendo a permeação transdérmica de ativos. Por outro lado, se elencado em maior profundidade, atinge a derme, estimulando a síntese de colágeno e promovendo a regeneração tecidual.
O recurso apresenta eficácia comprovada no tratamento de algumas afecções estéticas faciais. É sobre isso que falamos no post de hoje.
Princípios físicos do microagulhamento
A técnica de microagulhamento é realizada através de um dispositivo em formato de rolo, equipado com agulhas de aço inoxidável dispostas de forma alinhada e paralela. Essas agulhas são previamente esterilizadas por radiação gama e classificadas como materiais de uso único.
Em suma, o comprimento das agulhas é padronizado em todo o rolo, variando entre 0,25 mm e 3,0 mm, conforme a indicação clínica. Trata-se de uma técnica dependente da habilidade do profissional; de modo geral, a força aplicada verticalmente sobre o rolo não deve exceder 6 N. Assim, garante-se segurança e eficácia no procedimento. O microagulhamento é realizado por meio de micropunturas com movimentos curtos e precisos de vai e vem, geralmente entre 10 e 15 passadas e em padrão de asterisco.
Há, ainda, os dispositivos elétricos, que realizam as punções por meio de movimentos automáticos e pulsantes das agulhas. É possível ajustar a velocidade de ejeção e o comprimento das agulhas, que pode variar de 0,25 mm a 2,5 mm, de acordo com a necessidade clínica. As ponteiras são descartáveis e apresentam diferentes quantidades de agulhas, possibilitando trabalhar em múltiplas profundidades em uma única aplicação. Assim como no roller, as micropunturas são realizadas com movimentos de vai e vem em padrão de asterisco, com 10 a 15 passadas por região. No entanto, não é necessária a aplicação de pressão manual.

Microagulhamento em cicatrizes atróficas e rejuvenescimento
O microagulhamento é uma das técnicas mais estudadas no tratamento de cicatrizes de acne e para promoção do rejuvenescimento. A melhora da qualidade da pele ocorre devido aos efeitos biológicos promovidos tanto na epiderme quanto na derme.
De acordo com estudos realizados com pele de ratos, o microagulhamento induz espessamento significativo na epiderme entre 2 e 8 semanas após o procedimento. Esse efeito é ainda mais potencializado quando associado à aplicação tópica de vitamina A a 1% e vitamina C a 10%.
Análises histológicas de biópsias realizadas em pacientes que passaram por seis sessões de microagulhamento para rejuvenescimento facial demonstraram espessamento significativo da epiderme já no primeiro mês após o início do tratamento. Além disso, foi constatado um aumento expressivo na produção de colágeno, especialmente dos tipos III e VII, três meses após o término do protocolo.
Os estudos sobre o uso do microagulhamento no tratamento de cicatrizes atróficas de acne apresentam resultados semelhantes aos observados nos protocolos de rejuvenescimento. Em suma, maioria dos pacientes submetidos ao microagulhamento para tratamento de cicatrizes de acne apresenta melhora clínica de, no mínimo, dois graus nas escalas de avaliação de cicatrizes.
Mecanismo de ação
O mecanismo de ação do microagulhamento no tratamento de cicatrizes atróficas envolve a ativação das metaloproteinases de matriz (MMPs), enzimas fundamentais no processo de remodelação tecidual. Então, tem-se a degradação das fibras de colágeno que estão organizadas de forma desordenada na cicatriz. Assim, há um estímulo para que os fibroblastos sintetizem novas fibras de procolágeno, que, ao passarem pelo processo de maturação, formam uma nova rede de colágeno, contribuindo para a melhora da qualidade da pele.
LEIA TAMBÉM: Peelings químicos para rejuvenescimento
Parâmetros indicados para rejuvenescimento e tratamento de cicatrizes atróficas
Tamanho da agulha: 1 a 3 mm
Tipo de equipamento: Roller ou caneta elétrica
Intervalo entre sessões: 4 semanas
Período de tratamento: 10 a 20 semanas