Com o aumento da expectativa de vida e a busca cada vez maior por saúde e bem-estar, os tratamentos de rejuvenescimento têm sido altamente procurados em clínicas de Estética.
De acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a expectativa de vida dos brasileiros em 2020 subiu para 76,8 anos. Quando comparamos com dados de 2010, que apontavam uma média de 73,48 anos, torna-se evidente que há um envelhecimento cada vez maior da população.
Envelhecer com qualidade de vida caminha ao lado da saúde estética. Porém, para a garantia de bons resultados clínicos, o profissional deve apostar em uma abordagem estruturada, olhando para o paciente de forma integral.
É preciso estar atento às condições fisiológicas do paciente, à fisiopatologia da condição e, no rejuvenescimento, aos 4Rs. É sobre isso que eu falo no texto de hoje.
Por que envelhecemos?
Em primeiro lugar, é importante entendermos que o envelhecimento resulta em uma série de alterações estruturais e fisiológicas predominantemente visíveis na pele. Como resultado, tem-se flacidez, enrugamento e manchas senis.
Mas o que leva a esse processo natural e inerente a todos? Existem duas vias envolvidas no envelhecimento: a intrínseca e a extrínseca.
Via intrínseca
Também chamada de cronológica, essa via se refere às mudanças causadas por fatores fisiológicos que se alteram à medida que envelhecemos. Esses fatores são modulados conforme as características hereditárias de cada um, e se expressam através de rugas finas, pele fina, seca e com maior pH, atrofia dérmica gradual, etc.
Via extrínseca
O envelhecimento extrínseco tem os fatores ambientais externos como causa. Dentre eles, cita-se a exposição à radiação solar, a poluição do ar, o tabagismo, a má nutrição, entre outros. A manifestação se dá através de rugas grosseiras, perda de elasticidade, pele áspera e discromias.
A exposição aos raios UV é o fator de maior influência, contribuindo em torno de 80% para o envelhecimento facial.
Radiação UV
Os efeitos da radiação UV na pele podem ser agravados quando ainda há exposição à radiação infravermelha (acima de 800 nm). Os radicais livres que são formados destroem as fibras de colágeno e elastina, modificando a hidratação e resultando em rugas e discromias.
Além disso, a eliminação dos danos ao DNA ocasionados pela luz UV ocorre de forma mais lenta ao decorrer da idade, e a radiação ultravioleta induz a expressão de metaloproteinases (MMPs) que degradam as estruturas de colágeno.
Sabe-se, também, que o aumento do peso corporal e dos níveis de açúcar no sangue resultam no envelhecimento precoce.
No entanto, é importante entender que o surgimento de rugas, a redução na elasticidade da pele e a atrofia progressiva da derme independem do tipo de envelhecimento e, portanto, são características típicas do envelhecimento cutâneo.
Os 4Rs do rejuvenescimento
O sucesso no tratamento de qualquer afecção estética depende de uma abordagem estruturada, compreendendo o paciente como um todo e atentando a todas as variáveis que influenciam no agravamento da condição a ser tratada.
Quando nos referimos ao envelhecimento, para promover harmonia, naturalidade e equilíbrio facial no tratamento estético, o profissional deve alicerçar a sua prática clínica nos 4Rs do envelhecimento. Essas variáveis são evidenciadas pela literatura científica, como mostra o artigo Minimally invasive techniques for improving the appearance of the aging face.
Relaxar o músculo
Relaxar a musculatura da face engloba o primeiro “R” do rejuvenescimento. Afinal, dependendo do nível de contração muscular do paciente, uma ruga dinâmica pode logo se tornar uma ruga profunda. O relaxamento do terço superior da face é fundamental para o rejuvenescimento.
Aqui, chamo atenção aos exercícios faciais, que estão em alta no momento e que têm o objetivo de fortalecer a musculatura da região. Porém, caso o objetivo seja rejuvenescer, essas técnicas são grandes vilãs do tratamento estético, porque atuam de forma contrária à toxina botulínica, estimulando a formação de rugas.
Recuperar volume
O envelhecimento da face resulta na perda de volume cutâneo. Portanto, o segundo “R” do rejuvenescimento refere-se à recuperação desse volume, que é fundamental principalmente na perspectiva tridimensional relacionada ao envelhecimento.
Quando o paciente já está em uma faixa etária em que tem perda óssea ou, então, quando realocamos estrutura de gordura — que é um tecido de sustentação —, recuperar volume se torna fundamental.
Cuidado com a aplicação de radiofrequência monopolar ou em frequências baixas, porque o recurso atinge o tecido adiposo, removendo gordura facial.
Renovar a pele
Neste “R”, eu chamo atenção para a importância dos peelings químicos para a renovação da pele.
No entanto, ressalto que o uso dos ácidos deve ser feito de forma equilibrada, uma vez que os queratolíticos (como o retinoico e o salicílico), quando elencados de modo exacerbado e conforme evidenciado pela teoria dos telômeros (que eu explico melhor aqui), promovem o envelhecimento tegumentar.
Por fim, se forem aplicados com prudência, os peelings químicos equilibram o manto hidrolipídico e facilitam a permeação transdérmica de ativos.
Reposicionar o tegumento
Recursos como radiofrequência, ultrassom focalizado e jato de plasma têm a capacidade de reposicionar o sistema tegumentar, o que é fundamental para minimizar o aspecto de envelhecimento da pele.
Assim, torna-se possível promover a harmonização facial no rejuvenescimento.
Conclusão
A saúde estética tem sido, cada vez mais, prioridade na vida da população.
Sabendo disso, e considerando o aumento da expectativa de vida, é papel do profissional dominar os processos que envolvem uma prática clínica segura e eficaz para promover o rejuvenescimento.
Para isso, deve-se apostar na abordagem estruturada, que se trata da combinação de recursos para tratamento, visualizando o paciente como um todo. Atuando nos 4Rs do rejuvenescimento, garantimos maior assertividade nos resultados.