Procure profissionais habilitados, com vasto conhecimento teórico-prático e que não utilizem técnicas inovadoras, do tipo que prometem MILAGRES no tratamento estético!
Diferente das demais postagens, hoje escrevo para pacientes de clínicas estéticas que acompanham minha página. Prezados, não existe milagre!
Repetitivo! Esse é o sentimento que tenho após participar dos últimos congressos e eventos na área da Estética. Me sinto assim quando tenho que falar sobre a falta de cientificidade em nossa área de atuação e os baixos níveis de evidências científicas de uma boa parte dos recursos de tratamento utilizados com frequência na Estética.
Para os colegas que têm interesse no referido assunto, sugiro este artigo publicado em 2015 em uma importante revista da nossa área. Os autores refletem sobre esse baixo nível de evidência:
Por que o alto nível de evidência científica é importante?
Simplesmente porque o uso apropriado da evidência científica pode nortear a decisão clínica com benefícios e redução de danos ao paciente.
Vale lembrar que os níveis de evidência dos estudos para tratamento e prevenção são hierarquizados de acordo com o grau de confiança dos estudos, que está relacionado à qualidade metodológica dos mesmos. Assim, no topo da pirâmide está a revisão sistemática da literatura e lá na base ressalta aos olhos a opinião de experts.
O que a hiperplasia adiposa paradoxal tem a ver com tudo isso?
É uma disfunção em que há aumento no volume de tecido adiposo na região onde foi aplicada a criolipólise, ao invés da sua redução. Ocorre normalmente no período de 1 a 6 meses após a realização do tratamento, exatamente no intervalo de tempo onde seriam observados os seus resultados.
Mesmo que os agentes causadores não estejam elucidados, a avaliação histopatológica sugere um aumento no número de células adiposas e fibroses no local de aplicação da criolipólise.
É importante relatar que tal disfunção é caracterizada como rara, inclusive por estudos científicos de alta qualidade. Ressalta-se o número crescente de artigos nos últimos anos, e também chamo atenção para o publicado no ano de 2016 no Plastic & Reconstructive Surgery.
IMPORTANTE: Neste paper os autores explicam que a incidência da hiperplasia pós-criolipólise relatada é de 0,78%, mais de 100 vezes maior que a incidência relatada pelo fabricante de 0,0051%.
Qual a relação da hiperplasia adiposa e o nível de evidência científica?
Este é o ponto-chave, pois as investigações sobre a criolipólise são, na sua grande maioria, de baixo nível de evidência científica. Será que a hiperplasia é realmente tão rara ou precisamos de mais estudos?
Lembro do que escrevi acima: “evidência científica pode nortear a decisão clínica com benefícios e redução de danos ao paciente.”
Como se não bastasse a pouca pesquisa, nosso quadro atual fica ainda pior ao percebermos muitos profissionais “inventando” associação de recursos terapêuticos sem nenhuma evidência científica, utilizando, após a criolipólise, aparelhos que ampliam ainda mais a lesão e podem torná-la descontrolada….
Quero deixar claro que não sou contra a criolipólise, mas sou a favor de um uso consciente das técnicas a partir da premissa científica.
ATENÇÃO para uma dica importante: boa parte dos casos de hiperplasia relatados na literatura foram em indivíduos do sexo masculino, onde a aplicação foi feita no abdome inferior com uma manopla grande.