As evidências científicas comprovam que o peeling químico pode ser empregado de forma segura e eficaz no tratamento e no controle de diferentes afecções estéticas. Assim, o procedimento deve ser realizado por um profissional devidamente qualificado.
Confira 4 indicações estéticas para o uso dos peelings químicos, e 3 sugestões de ácidos com eficácia e segurança garantidas pela Ciência.
Peeling químico na acne
A acne é uma disfunção cutânea que acomete os folículos pilossebáceos e apresenta etiologia multifatorial. Inicialmente, ocorre o aumento da produção sebácea. Em seguida, há uma alteração no processo de queratinização, favorecendo o acúmulo de corneócitos e a obstrução do óstio folicular, originando os comedões.
Nesse ambiente, a bactéria Cutibacterium acnes prolifera de forma exacerbada. Por fim, o organismo desencadeia uma resposta inflamatória, levando ao surgimento das lesões típicas da acne.
Ácido glicólico
É capaz de induzir uma leve epidermólise, promovendo o desalojamento dos comedões e, assim, a redução das pústulas que acometem o epitélio folicular, além de contribuir para a prevenção da hiperqueratinização do ducto pilossebáceo.
Concentração: Entre 10% e 30%, por exemplo, promove um peeling superficial, limitado às camadas epidérmicas da pele. Ao elevar o pH da formulação para a faixa de 3,5 a 4,5, é possível reduzir a velocidade de penetração do agente químico, permitindo maior tempo de contato com a pele e maior controle do procedimento.
Ácido azelaico
O ácido azelaico exerce inibição competitiva da enzima 5α-redutase no folículo pilossebáceo, o que resulta no bloqueio da conversão da testosterona em di-hidrotestosterona. Dessa forma, apresenta ação comedolítica suave e efeito anti-inflamatório leve, além de atuar indiretamente na redução da população de Cutibacterium acnes. Assim, o ativo é indicado para o tratamento tanto da acne inflamatória moderada quanto da acne não inflamatória.
Concentração: Para o tratamento da acne, grande parte dos estudos recomenda o uso desse ativo em concentrações entre 15% e 20%, em veículos do tipo gel. Na forma de espuma a 15%, pode ser empregado no cuidado domiciliar. Cabe ressaltar, ademais, que pode ser utilizado diariamente em casa na forma de azeloglicina, em concentrações de 10% a 20%.
Ácido mandélico
O ácido mandélico atua por meio da modulação da atividade sebácea e consequente redução da produção de sebo, e da promoção de esfoliação química e renovação cutânea. Além disso, auxilia no controle da hiperqueratinização folicular e apresenta ação bactericida e antisséptica.
Concentração: Pode ser empregado em concentrações que variam de 20% a 50%. Quando formulado em gel ou creme a 10%, é indicado como agente renovador celular. Já na concentração de 4%, em creme, é hidratante e/ou esfoliante suave.
Manejo do melasma
Em síntese, trata-se de um distúrbio hipermelanótico cuja intensidade é exacerbada pela exposição à luz. Como características, há o surgimento de manchas escuras e assintomáticas. A fisiopatologia do melasma resulta da interação entre fatores hormonais, como gestação, uso de contraceptivos orais e terapia hormonal, predisposição genética e exposição à radiação solar.
Para que o tratamento das hiperpigmentações seja efetivo, o profissional deve intervir em todas as etapas da melanogênese, atuando antes, durante e após a produção de melanina.

Sugestão de ácido: antes da síntese de melanina
Ácido tranexâmico
Primeiramente, o ácido tranexâmico é capaz de reduzir a atividade da plasmina induzida pela radiação UV e, consequentemente, a liberação de ácido araquidônico livre, o que leva à diminuição da liberação de fatores de crescimento. Evidências demonstram que muitos casos de melasma apresentam um componente vascular em sua patogênese, caracterizado pelo aumento do calibre e da densidade dos vasos na área afetada. Assim, o ácido tranexâmico exerce efeito clareador e reduz a liberação de fatores angiogênicos, além de modular processos inflamatórios, diminuindo a produção de ácido araquidônico e, consequentemente, de melanina.
Concentração: Na prática clínica, a concentração pode chegar a 10%.
Sugestão de ácido: durante a síntese de melanina
Ácido kójico
Sua ação clareadora ocorre por meio da inibição da enzima tirosinase, bloqueando etapas essenciais da melanogênese. Além disso, a atividade quelante sobre íons cobre e ferro possibilita sua captura, transporte e eliminação pelo organismo, contribuindo para o combate a pigmentos cutâneos. A propriedade despigmentante também favorece a dispersão e a remoção dos grânulos de melanina depositados na pele.
Concentração: É indicado em concentrações de 1% a 5%, em home care, e de até 20% em protocolos de cabine.
Sugestão de ácido: depois da síntese de melanina
Vitamina C
A vitamina C apresenta reconhecida ação antioxidante e de inibição da tirosinase.Concentração: Sugere-se concentrações de 10% a 20%.
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Peeling químico no rejuvenescimento
O processo de envelhecimento promove modificações estruturais relevantes no sistema tegumentar. Dentre elas, destacam-se, por exemplo, a atrofia, a formação de rugas, a ptose e a flacidez cutânea, alterações que podem ser minimizadas por meio dos peelings químicos.
Ácido retinoico
O ácido retinoico apresenta, em suma, a capacidade de promover o espessamento epidérmico, reduzir a expressão de metaloproteinases e estimular a síntese de colágeno. Evidências indicam que sua principal eficácia reside na indução da neocolagênese, o que contribui para a atenuação das linhas de expressão e das rugas finas.
Concentração: Em cabine, utiliza-se nas concentrações de 5% e 8% para a realização de peeling químico superficial, e a 10% quando o objetivo é um peeling de média profundidade. Em home care, é empregado em concentrações que variam, por exemplo de 0,025% a 0,1%.
Ácido fenólico
Na concentração de 25%, o fenol é utilizado no rejuvenescimento como agente de peeling químico de média profundidade, capaz de induzir uma resposta inflamatória localizada na derme papilar superficial. Esse processo estimula a atividade dos fibroblastos, favorecendo o aumento da síntese de fibras colágenas e elásticas, bem como maior deposição de glicosaminoglicanos dérmicos, como o ácido hialurônico.
Concentração: 25% em solução hidroalcoólica e pH de 1,5 a 2,0.
Ácido pirúvico
Exerce ação vasodilatadora, favorecendo, assim, a indução de respostas inflamatórias na derme. Consequentemente, promove aumento da oxigenação e da nutrição tecidual, além de estimular os processos de neocolagênese e neoelastogênese. Essa atividade resulta na formação de novas fibras dérmicas e em maior deposição de ácido hialurônico. Então, há atenuação de linhas de expressão e rugas, especialmente nas regiões palpebral e perioral.
Concentração: 40% a 50%.
Controle da rosácea
A rosácea é, em suma, caracterizada como um distúrbio inflamatório crônico de alta prevalência, frequentemente manifestado por eritema facial central, de caráter transitório ou persistente, presença de telangiectasias visíveis e, em muitos casos, por pápulas, pústulas, hipertrofia das glândulas sebáceas e fibrose.

Alfa bisabolol
Apresenta ação antimicrobiana e bactericida, além de exercer, por exemplo, efeitos calmante, cicatrizante, analgésico e antiespasmódico, atribuídos à sua capacidade de inibir citocinas pró-inflamatórias.
Concentração: De 0,1% a 0,5%.
Gluconolactona
Modula o processo de queratinização e estimula a biossíntese de glicosaminoglicanos, especialmente do ácido hialurônico, bem como das fibras colágenas, resultando no aumento da espessura cutânea. Além disso, apresenta ação anti-inflamatória.
Concentração: De 5 a 10% em cremes para o tratamento tópico. Em cabine, pode ser até 20%.
Ácido azelaico
Estudos indicam que o mecanismo de ação do ácido azelaico no tratamento da rosácea está relacionado às suas propriedades anti-inflamatórias e à capacidade de reduzir a formação de espécies reativas de oxigênio.
Concentração: 15 a 20% em veículos a base de gel ou espuma.









