Com a infinidade de recursos disponíveis na Estética, é comum ter dúvidas na hora de escolher entre duas opções que, em geral, têm respostas fisiológicas semelhantes. Assim, a pergunta “este ou aquele?” se torna recorrente no nosso dia a dia. 

Pensando nisso e conforme relatos frequentes de alunos e seguidores, eu separei algumas das principais condutas terapêuticas que causam esse impasse ao serem elencadas na prática estética, indicando o uso com base nas evidências científicas, além da eficácia e segurança clínica que são capazes de garantir.

Terapia combinada ou carboxiterapia?

Ambos os equipamentos são excelentes em termos de eficácia e respaldo científico. No entanto, é o foco da sua clínica que deve definir por qual optar.

A terapia combinada tem, como ideia central, possibilitar a aplicação simultânea de ondas sonoras e corrente elétrica com apenas um cabeçote transdutor. Trata-se de um recurso padrão ouro para tratamento de gordura, mas a sua aplicabilidade segura se restringe à estética corporal. Então, caso você atue somente no corpo, investir na terapia combinada é uma boa ideia.

Porém, se tanto a área de corporal quanto a de facial forem rotina na sua clínica, é indicado optar pela carboxiterapia. Afinal, a aplicação de CO2 no organismo e o trauma gerado pela agulha trazem efeitos interessantes em afecções como cicatrizes hipotróficas de acne e depressão do sulco lacrimal, atuando na face, e também em gordura e estrias cutâneas.

Radiofrequência ou criofrequência?

O grande “porém” a respeito da criofrequência é o baixo nível de evidência científica que ela apresenta. De modo geral, os seus mecanismos de ação e as suas respostas fisiológicas são, em tese, semelhantes aos da radiofrequência – ambas estimulam a proliferação de fibroblastos e a produção de colágeno, e geram, ainda, lesão tecidual.

Tendo em vista que atribuímos a Ciência como norte da prática profissional, a radiofrequência é o recurso que optamos por elencar na clínica. Com ela, também é possível promover um efeito de resfriamento tecidual semelhante ao da criofrequência; para isso, a dica que deixo é acoplar um spray criogênico à radiofrequência.

Assim, a pele é resfriada antes da aplicação, trazendo maior conforto ao paciente e atingindo temperaturas mais altas. Porém, é importante ressaltar que tanto a criofrequência quanto o spray são capazes de alterar a temperatura da epiderme. Por consequência, podem dificultar a definição da potência. 

Ultrassom ou radiofrequência?

Aqui, tratamos de dois recursos com excelentes níveis de evidência científica na estética corporal, e, dependendo dos objetivos terapêuticos, opta-se por elencar um deles. No entanto, quando o caso é de flacidez e/ou estrias associada(s) à gordura, a lógica que seguimos é a de associar ultrassom e radiofrequência na mesma sessão.

Afinal de contas, o aparelho de ondas sonoras estimula a lipólise (ou seja, retira ácido graxo e glicerol de dentro do adipócito), e a teoria que se tem é que, a cada 1 °C de aumento na temperatura da radiofrequência, o gasto energético basal aumenta de 12 a 17%. Assim, o ácido graxo passa a ser utilizado como fonte energética.

Ultrassom focalizado ou ultracavitação?

Recursos que emitem ondas sonoras têm grande eficácia no tratamento de gordura, mas são os princípios físicos de cada um que apontam para quais casos são indicados. 

Os aparelhos de ultracavitação apresentam baixas frequências que têm a capacidade de se relacionar, diretamente, com o tecido adiposo por meio da ressonância. Com base no fato de que a frequência é inversamente proporcional à profundidade de penetração da onda, entende-se que esse recurso é indicado para o tratamento de gordura visceral; então, o paciente deve apresentar uma maior tela subcutânea. 

No ultrassom focalizado, por outro lado, a energia é focal; isto é, acumula-se em um único ponto. Trata-se, portanto, de uma excelente opção para tratar gordura periférica, promovendo necrose do tecido adiposo.  

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Vapor de ozônio ou alta frequência?

Para tratamentos faciais, qual dos recursos é mais indicado: vapor de ozônio ou alta frequência?

A resposta está no objetivo terapêutico. Quando busca-se emoliência da pele para limpeza, o vapor de ozônio costuma ser utilizado. Porém, há um déficit na literatura científica quanto a possíveis efeitos bactericidas da técnica e, além disso, é comum que os pacientes apresentem acne ou hiperpigmentação cutânea, afecções em que eu não indico promover calor para evitar a piora do quadro. 

Para limpeza de pele, já temos excelentes emolientes que podem ser utilizados pré-procedimento.

O recurso de alta frequência, por outro lado, apresenta ação bactericida e antisséptica consolidada pela Ciência. Portanto, indico o seu uso para tratamento de afecções de pele que têm bactérias e fungos envolvidos na patogênese (como acne, por exemplo). 

Conclusão

Estudar profundamente é a forma mais eficaz de estarmos seguros acerca das escolhas na rotina de procedimentos. Novos estudos surgem a todo momento; por isso, pode ser que amanhã ou depois as informações desse texto precisem ser revistas. Viver da Estética requer atualização.

Além disso, o conhecimento empírico também deve ser levado em conta. Afinal, a primeira etapa do nosso trabalho é conhecer muito bem cada paciente e, portanto, identificar necessidades.

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