Os efeitos benéficos gerados pela alteração controlada de temperatura tecidual levam recursos como radiofrequência, criofrequência e tecarterapia a serem muito procurados em clínicas de Estética.
Mas será que todos esses aparelhos apresentam eficácia clínica? Quais são os efeitos que promovem no tegumento? E em qual deles vale a pena investir?
Com o objetivo de auxiliar os colegas da área a elencar os equipamentos com maior respaldo científico e garantia na entrega de resultados, eu reuni o meu conhecimento – pautado, sempre, em estudos científicos – acerca da radiofrequência, da tecarterapia e da criofrequência.
Primeiramente, o que é a radiofrequência?
Responsável por uma ampla gama de estudos científicos que respaldam o seu uso, a radiofrequência é um recurso que elenco com eficácia e segurança na minha rotina estética.
De modo geral, trata-se de um aparelho emissor de onda eletromagnética que gera calor por conversão, promovendo o seu principal efeito: a diatermia (aumento da temperatura tecidual).
A temperatura elencada também diferencia os resultados obtidos em tratamentos com radiofrequência:
- Acima de 37 °C: ativa HSP (proteína do choque térmico), levando a eventos inflamatórios que estimulam a proliferação de fibroblastos e a produção de colágeno. Portanto, quando elencada com essa temperatura, a radiofrequência é capaz de tratar estrias, flacidez, cicatrizes hipotróficas e gordura localizada.
- Abaixo de 37 °C: nesse caso, temos um aquecimento controlado que, no entanto, não resulta em um processo inflamatório. O objetivo é o remodelamento tecidual. Por isso, é uma opção interessante em casos de celulite fibrótica, cicatrizes hipertróficas e fibrose tecidual.
Vale a pena investir em tecarterapia?
Antes de tudo, é preciso conceitualizar esse recurso. Em síntese, e de acordo com o artigo “A Eficiência da Tecarterapia em Fisioterapia: Revisão Bibliográfica”, refere-se à diatermia provocada por correntes elétricas alternativas de alta frequência. Em função da transferência de energia capacitiva e resistiva, na literatura é chamada, também, de “Radiofrequência Monopolar Capacitiva Resistiva”.
Entendendo os princípios físicos que permeiam esse equipamento, vamos para a radiofrequência. Existem duas tecnologias mais comuns de emissão de ondas eletromagnéticas no mercado da Estética: a capacitiva e a resistiva.
Sabendo disso, deixo o questionamento: será que vale a pena substituir a radiofrequência, recurso com alto nível de pesquisa científica, por algo que atua de forma semelhante, mas sem tanto respaldo na literatura?
Ao meu ver, não. Até que surjam mais estudos acerca da eficácia da tecarterapia, sugiro que mantenha a radiofrequência como opção para tratamentos estéticos.
LEIA TAMBÉM: Tipos de olheiras e tratamentos estéticos
Criofrequência x radiofrequência
A lógica da criofrequência é promover mais conforto ao paciente durante a aplicação e, ainda, atingir temperaturas mais altas por meio de uma ponteira que esfria o tegumento, enquanto as demais o aquecem. É, basicamente, um aparelho de radiofrequência que gera resfriamento tecidual.
No entanto, a literatura é categórica ao afirmar que esse mesmo efeito pode ser atingido com a radiofrequência apenas acoplando um spray criogênico ao aparelho, resfriando o local antes de aplicar o recurso.
Logo, tendo em vista os níveis de evidências científicas e os efeitos similares, não vejo razão para substituir a radiofrequência pela criofrequência. Além disso, a relação de temperatura da epiderme é mais segura com o uso da radiofrequêcia, como explico a seguir.
Atenção ao resfriar a epiderme
Vale destacar que a radiofrequência utiliza a temperatura da epiderme para definir a potência que pode ser elencada em cada caso; afinal, alguns pacientes necessitam de uma dosagem menor para atingir a temperatura ideal, enquanto outros exigem doses maiores. Essas variáveis dependem da condição climática e da hidratação do tegumento (quanto maior for ela, maior será o aquecimento).
Porém, tanto a criofrequência quanto o spray criogênico, por interferirem na temperatura do tegumento, podem dificultar a definição da potência do aparelho. Consequentemente, acabamos perdendo um dos principais parâmetros que definem a aplicação, aumentando o risco de lesão descontrolada.
Conclusão
A variedade de recursos de eletroterapia que são oferecidos no mercado da Estética torna o processo de escolha entre um e outro um tanto quanto complexo.
Frente a isso, é preciso buscar respaldo na literatura na hora de fazer um investimento que pode interferir diretamente no seu rumo profissional e na vida dos pacientes. Mais uma vez, reforço que, até o momento, a radiofrequência é, dentre os três aparelhos aqui apresentados, o mais indicado para aplicação com fins estéticos.
Porém, vale lembrar que novos estudos surgem a todo momento, e que a prática clínica também deve ser frequentemente monitorada para a construção do conhecimento empírico.