Se os olhos são as janelas da alma, não há dúvidas de que as olheiras são uma das queixas mais comuns nas clínicas de Estética. 

Apesar da alta recorrência, a entrega de resultados em tratamentos de hiperpigmentação periorbital ainda é um desafio. Afinal de contas, não é apenas a apresentação clínica que difere entre os seus tipos; as causas e tratamentos, naturalmente, também merecem um olhar atento do profissional que trabalha com segurança e eficácia.

Foi pensando nisso que reuni os tipos de olheiras e se é possível tratá-las com os recursos que temos disponíveis em clínicas de Estética.

Hiperpigmentação por sombreamento

Em alguns casos, o aspecto da hiperpigmentação periorbital causa uma “sombra” na região. De modo geral, existem três tipos de olheiras por sombreamento: depressão do sulco lacrimal, edema periorbital e envelhecimento da pele.

Depressão do sulco lacrimal

A fisiopatologia desta hiperpigmentação consiste em uma alteração do relevo da região periorbital, sendo a sombra do sulco lacrimal – que é uma depressão centrada no lado medial da borda orbital inferior – acentuada de acordo com a luminosidade do ambiente. 

Em síntese, a modelagem anatômica de cada pessoa ou a perda de gordura subcutânea advinda do envelhecimento são causas da depressão do sulco lacrimal. 

Temos, na área da Estética, um recurso com bons níveis de evidência científica que respaldam o seu uso: a carboxiterapia. Esta conduta, por meio da injeção de CO2 no local, promove uma vasodilatação capaz de reduzir o aspecto de olheira profunda.

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Edema periorbital

O edema periorbital apresenta-se como um aspecto esponjoso da pálpebra, que leva ao acúmulo de líquido na região e, então, ao edema. Este, por sua vez, apresenta cor arroxeada e apresentação clínica acentuada pela manhã ou pós-ingesta de refeições com sal.

Não temos, na prática estética, uma conduta terapêutica capaz de tratar esse tipo de olheira.

Envelhecimento da pele

O processo de envelhecimento fisiológico também afeta a região periorbital. Assim, tem-se a diminuição do tecido gorduroso subcutâneo e o afinamento da pele, o que resulta em um sombreamento da fossa lacrimal acentuado de acordo com a luminosidade do ambiente.

Em geral, o recurso que costuma ser utilizado para rejuvenescimento é o jato de plasma. Porém, nesses casos, eu não indico a técnica, já que a área periorbital é suscetível a manchas e, por isso, acabamos tendo um maior risco de hiperpigmentação pós-inflamatória. 

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Alteração vascular

Outro tipo de olheira que pode aparecer em clínica é por alteração vascular. Nele, o escurecimento surge como resultado da proeminência do plexo vascular que se encontra nos músculos localizados logo abaixo da pele, tendo pouco ou praticamente nenhum tecido gorduroso subcutâneo.

Os nutrientes também exercem influência no surgimento das olheiras. Estudos indicam, por exemplo, que a deficiência de vitamina K pode estar envolvida na incidência de hiperpigmentação periorbital por alteração vascular, uma vez que é necessária para a coagulação sanguínea. 

As clínicas de Estética ainda não têm um recurso com eficácia comprovada para essa afecção.

Aumento da deposição de melanina

Este tipo de olheira tem duas possíveis apresentações clínicas: hiperpigmentação pós-inflamatória e aumento do depósito de melanina.

Resultado, principalmente, da fricção ou do ato de coçar os olhos, a hiperpigmentação pós-inflamatória tem apresentação clínica semelhante às demais discromias decorrentes de uma inflamação.

Por outro lado, a olheira por aumento do depósito de melanina pode ser causada por exposição solar excessiva, uma vez que leva ao aumento da produção de melanina, à diminuição da espessura do tegumento e à ampliação do calibre dos vasos. De modo geral, tem maior recorrência em fototipos mais altos.

O tratamento para ambos os tipos de hiperpigmentação periorbital é por meio do uso de ativos tópicos. Deixo, como sugestão de formulação em home care:

  • Tioglicólico 6-10% – promove a descamação da melanina já presente na camada córnea e apresenta capacidade quelante
  • Tranexâmico 2-4% – ativo quelante de íons de ferro de hemossiderina e inibidor de plasmina
  • pH: 4.5

Atente sempre à sensibilidade do paciente ao longo da aplicação, e, em clínica, recorra ao uso de peelings químicos.

Conclusão

Um tratamento eficaz de olheiras exige um entendimento não só acerca das causas e da fisiopatologia de cada tipo de hiperpigmentação periorbital, mas também de que nem todos os casos podem ser tratados em clínicas de Estética.

Se Estética é Saúde, a segurança e a capacidade de entrega de resultados eficazes devem ser os pontos de partida de qualquer conduta terapêutica. É somente a partir disso que adquirimos os subsídios necessários para promover bem-estar e qualidade de vida aos pacientes.

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