O melasma tem como característica o aparecimento de manchas escuras na pele. Como causas, cita-se, principalmente, a radiação ultravioleta, os hormônios e os fatores externos.
Apesar de ser uma afecção estética de alta incidência na prática clínica, o tratamento de hiperpigmentação ainda é alvo de muitas dúvidas. Por isso, eu esclareço 7 perguntas recorrentes sobre a afecção e que podem te auxiliar na Estética.
Como tratar melasma em paciente que se expõe à radiação solar?
Mesmo sabendo que a radiação solar é um dos principais agentes causadores do melasma, é comum que os pacientes trabalhem se expondo ao Sol. Nesses casos, ao apostar nos peelings químicos, deve-se evitar ativos capazes de gerar uma lesão excessiva na pele.
Existem 4 meios de atuar no tratamento de melasma: inibindo a ativação da melanina, sua síntese, sua transferência e, por fim, retirando o queratinócito pigmentado.
Sugiro, então, que você não elenque de forma excessiva os ativos que atuam na 4ª via do tratamento; isto é, cuidado com os queratolíticos.
Ácidos como retinoico, glicólico e salicílico removem o queratinócito pigmentado, mas deixam o estrato córneo desprotegido, aumentando a tendência à hiperpigmentação por causa externa. Ativos como a niacinamida e a vitamina C, que preservam a barreira mais superficial da pele, são bem-vindos nesses casos.
É possível tratar melasma apenas com peeling químico?
Sim, é possível. Tratamentos com peelings químicos são, inclusive, padrão ouro para esse tipo de hiperpigmentação cutânea.
Associando ao uso de protetor solar diário e dominando o processo de anamnese e os ativos indicados para cada caso, pode-se atingir excelentes resultados clínicos. Logo, não há necessidade de investir em grandes equipamentos de eletroterapia.
Quais são os principais ativos orais para tratamento de melasma?
Para o tratamento de melasma, destacam-se, principalmente, os ativos antioxidantes. Destaco:
- Picnogenol: Trata-se de um sequestrante natural de todas as espécies de oxigênio reativas, reduzindo os danos causados pelos radicais livres induzidos pela radiação solar;
- Vitamina C e vitamina E: Possuem ação anti-inflamatória e ainda neutralizam espécies reativas de oxigênio, minimizando os efeitos da radiação solar na pele.
Estudos também indicam o uso do ácido tranexâmico oral, porém, atente ao fato de que se trata de um inibidor da fibrinólise (processo que leva à quebra de coágulos sanguíneos e, consequentemente, protege o organismo contra os riscos de trombose e embolia).
Microagulhamento pode ser elencado em casos de melasma?
Devido ao aumento da permeação transdérmica de ativos, o microagulhamento está descrito na literatura como coadjuvante no tratamento de melasma.
No entanto, essa é uma associação que eu não sugiro. Afinal, as pesquisas não descrevem o recurso como primeira opção de tratamento (além de não apontar em qual rota o recurso atua), e o seu efeito principal — isto é, o aumento da permeação transdérmica de ativos — pode ser obtido com o uso de queratolíticos, que trazem maior eficácia e menor risco de efeitos adversos.
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Como tratar pele sensível com fototipo alto?
Apesar de ser menos comum, é possível que um paciente com fototipo alto tenha pele sensível. Como proceder nesse caso?
Em primeiro lugar, indique o uso de peeling químico somente em home care, uma vez que as chances de um efeito adverso se tornam menores.
Depois, evite os ativos queratolíticos, como glicólico, salicílico e retinoico. Nesses casos, os ativos elencados devem inibir tirosinase e restaurar o sistema tegumentar; é o caso da niacinamida, do azelaico, do mandélico, do arbutin e do tranexâmico.
Princípios ativos orais também são bem-vindos.
Como promover rejuvenescimento em paciente com melasma?
Considerando a fisiopatologia do melasma, qualquer tipo de estresse sobre o tegumento, como, por exemplo, calor ou lesão, pode resultar em uma resposta de defesa dos melanócitos, o que favorece o surgimento de melasma.
Quando o envelhecimento cutâneo e a hiperpigmentação estão associados, indica-se evitar recursos que promovem uma inflamação exacerbada e, consequentemente, resultam em aumento da síntese de melanina, como microagulhamento, jato de plasma e radiofrequência.
Opte por ativos antioxidantes para, assim, tratar as duas afecções. Alguns exemplos são:
- Vitamina C
- Ácido azelaico
- Cisteamina
- Ácido kójico
- Resveratrol
Ultrassom é indicado para tratamento de melasma?
O ultrassom já está bem consolidado na estética corporal; porém, percebe-se que o seu uso na área de facial tem crescido cada vez mais.
Ainda não temos evidências que suportem a aplicação do ultrassom de 5 MHz para o tratamento de melasma, mesmo que algumas pesquisas apontem a aplicação do recurso nessa frequência como forma de facilitar a permeação transdérmica de ativos, principalmente a vitamina C.
No entanto, ainda não vejo a necessidade de elencar o equipamento em casos de hiperpigmentação. Temos outras técnicas com maior nível de evidência científica, e que apresentam maior garantia de bons resultados.
Conclusão
Apesar da complexidade que envolve o tratamento de melasma, a prática baseada em evidências é capaz de garantir eficácia e segurança nos resultados clínicos.
Por isso, avalie o paciente de forma integral e aposte nos recursos já consolidados na literatura científica.
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