Associar ativos orais ao plano de tratamento é um meio eficaz de potencializar a entrega de resultados nas intervenções estéticas.

Porém, frente à recente proibição, por parte da Anvisa, de mais de 140 remédios para emagrecer, torna-se evidente a necessidade de repensarmos a prática clínica com base em raciocínio clínico

Por isso, separei alguns pontos que merecem um olhar atento do profissional que busca trabalhar com segurança e eficácia, seguindo sempre os preceitos científicos.

O que são os ativos orais?

Os nutricosméticos se encontram no eixo de intersecção entre cosméticos, fármacos e alimentos.

Logo, caso o paciente tenha alguma deficiência vitamínica, os ativos orais são capazes de fornecer a ajuda necessária para que o organismo suporte a ação da eletroterapia.

Em tratamentos de gordura corporal, por outro lado, suas principais funções são:

  • Suprimir o apetite
  • Reduzir a absorção de lipídios e carboidratos
  • Inibir a lipogênese
  • Regular o metabolismo lipídico
  • Aumentar o gasto energético basal
  • Atuar na microbiota e na macrobiota do sistema digestivo
  • Minimizar os efeitos inflamatórios da obesidade

Óbitos associados ao uso indevido de nutricosméticos

Em fevereiro, devido a uma hepatite fulminante associada ao uso de chá em cápsulas de emagrecimento, uma enfermeira de São Paulo foi a óbito. Além disso, a morte da cantora de forró decorrente de um quadro multissistêmico também pode estar associada ao uso de ativos orais.

Mas por que isso acontece? 

Sobrecarga hepática

Quando usados sem cautela, os ativos orais podem se tornar verdadeiros vilões na saúde dos pacientes. 

Isso acontece porque o fígado é — dentre outras funções — responsável por desintoxicar o organismo, transformando substâncias tóxicas em substâncias não ativas para que possam, assim, ser excretadas. 

Portanto, qualquer uso exacerbado de ativos que têm uma alta toxicidade pode resultar em sobrecarga hepática.

Avalie o paciente

Fatores como desequilíbrio hormonal e questões de saúde mental podem influenciar no tratamento de gordura. Além disso, os hábitos alimentares do paciente têm a capacidade de levar à sobrecarga do fígado.

Portanto, ter conhecimento acerca dos hábitos de vida do paciente antes de elencar qualquer nutricosmético é fundamental.

Atente à dosagem e ao nível de toxicidade

Diversos ativos utilizados comumente na rotina clínica têm um alto nível de toxicidade quando elencados em dosagens maiores do que é recomendado.

Então, antes de indicar qualquer ativo oral — seja ele comercial ou em formulação manipulada —, garanta que a sua dose está dentro do limiar de não toxicidade. Caso contrário, corre-se o risco de provocar uma lesão hepática e renal. 

Tenha cuidado ao associar ativos

Outro ponto que merece atenção é a interação entre diferentes ativos. Ao indicar nutricosméticos, o raciocínio deve ser feito de forma integrada, considerando possíveis usos que o paciente já esteja fazendo e como esses ativos atuam quando associados.

Lembre-se, também, de considerar o produto do metabolismo secundário de outros ativos. Um bom exemplo disso é a cafeína, que traz resultados eficazes em tratamentos de gordura; porém, também está presente em ativos como a Camellia sinensis e, por isso, é preciso atentar a possíveis superdosagens e a pacientes que apresentam quadros de ansiedade.

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Esteja atento à interação com tratamentos estéticos

O cuidado não deve se restringir a outros ativos; atente às respostas fisiológicas geradas pelos cosméticos, pelos injetáveis e pelos recursos de eletroterapia elencados no plano de tratamento.

Afinal, determinadas associações podem interferir no desempenho de um ativo oral, até mesmo gerando efeitos adversos.

A mobilização de gordura, por exemplo, caso não seja seguida pela oxidação de ácidos graxos e glicerol, aumenta a atividade do fígado, potencializando os riscos de lesão hepática. É o perfil do paciente, verificado por meio da avaliação, que determina a melhor intervenção estética.

Conclusão

Ética profissional e raciocínio clínico são as diretrizes para uma prática estética que garante não apenas a entrega de bons resultados, mas também a segurança do paciente.

Antes de associar ativos orais ao plano de tratamento, é indispensável verificar as considerações da literatura científica acerca da substância e pensar no paciente de forma integral.

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