Estudos apontam que entre 85% e 98% das mulheres apresentam algum grau de celulite. Além disso, essa condição é o motivo de grande parte das queixas corporais que chegam até as clínicas, já que os seus aspectos estéticos costumam causar incômodo nas pacientes. 

Com o objetivo de elucidar os processos que constituem os quadros celulíticos e trazer os recursos terapêuticos que apresentam eficácia comprovada, reuni um pouco do meu conhecimento teórico e prático sobre essa condição.

As teorias da formação da celulite

Existem três teorias que buscam explicar as causas da celulite, que podemos dividir em:

  • Arquitetura subcutânea do tecido conjuntivo
  • Alterações vasculares
  • Inflamação reincidente

Arquitetura subcutânea do tecido conjuntivo

A alta incidência de celulite em indivíduos do sexo feminino (em média, 90% da população) pode ser explicada com base nessa hipótese. 

De acordo com ela, o tecido conjuntivo das mulheres dispõe-se de forma radial ou perpendicular à superfície da pele, levando à formação de compartimentos retangulares que, consequentemente, facilitam a extrusão das papilas na região derme-hipoderme. Com isso, a aparência superficial da pele é modificada.

Quanto à estrutura do tecido conjuntivo dos homens, tem-se que os septos fibrosos são menores e arranjados em planos oblíquos com pequenos lóbulos de gordura. Explica-se, assim, o porquê de apenas 2% da população masculina possuir celulite.

Alterações vasculares

Segundo essa teoria, a formação de fibrose e a proliferação de fibroblastos, quando contornam as células adiposas, resultam em falência circulatória e insuficiência metabólica do tecido. O avanço desses processos, por sua vez, levam à degeneração do tecido adiposo e a uma fibrose avançada nos tecidos adjacentes.

Inflamação reincidente

Aqui, propõe-se que um processo inflamatório crônico é a causa do desenvolvimento dos septos fibrosos.

De forma geral, as características da atividade hormonal presente no ciclo menstrual causam uma deterioração da malha de colágeno dérmica, e, tendo em vista que esse é um processo que ocorre mensalmente, há um enfraquecimento da derme (reticular a papilar), permitindo a invasão de conteúdo adiposo subcutâneo.

Termografia infravermelha como ferramenta de avaliação

A termografia infravermelha é um equipamento que tem a capacidade de detectar a luz infravermelha que o corpo emite com base nas faixas de temperatura.

De acordo com a teoria do processo inflamatório, a celulite passa por duas fases de desenvolvimento patológico: inflamação e fibrose. A termografia tem a capacidade de diferenciar esses estágios da afecção, visto que verifica a distribuição da temperatura na superfície tegumentar, identificando a presença de edema. Caso exista uma diferença de 3-5°C entre a região com celulite e as áreas adjacentes, o quadro é inflamatório.

Ressalto que aplicar recursos que visam diminuir processos fibróticos em afecções que têm uma inflamação envolvida pode acentuar ainda mais a condição. Por isso, caso o profissional não tenha a termografia infravermelha na clínica, o caso deve, inicialmente, ser tratado como inflamatório.

Recursos terapêuticos

Assim que for definida a fase da patologia, pode-se estabelecer o plano de tratamento. Trago, então, algumas associações de condutas que elenco em cada caso.

Celulite inflamatória

Tendo em vista que a celulite apresenta hipertrofia do tecido adiposo e edema quando se trata de uma inflamação, os recursos capazes de trazer resultados eficazes são:

  • Ultrassom pulsado + Corrente russa
  • Ultrassom pulsado + Drenagem linfática manual

O aparelho de ondas sonoras, nesse caso, deve ser ciclado em modo pulsado a 5%, com frequência de 3 MHz, e dose de 1,5 W/cm².

Ao aplicar ultrassom, eu indico que elenque a fonoforese, substituindo o gel por um princípio ativo. Em casos de celulite inflamatória, a formulação ideal é cafeína 5% ou rutina 3%.

Celulite fibrótica

Uma vez que quadros que apresentam fibrose possuem uma diminuição de vascularização e produção excessiva de tecido, eu sugiro optar por uma das seguintes associações:

  • Ultrassom contínuo (3 MHz e dose de 1,5 W/cm²) + Endermologia (deslizar a manopla em todos os sentidos sobre a superfície do corpo)
  • Radiofrequência (não ultrapassar 38°C) + Terapia manual
  • Ondas de choque

No ultrassom contínuo, substituir o gel por cafeína 5% na técnica de fonoforese é um método eficaz.

Lipedema, linfedema ou celulite?

Em diversos casos, a ineficácia na hora de entregar resultado está relacionada ao erro na avaliação. Quando tratamos de celulite, é comum que profissionais confundam a afecção com outras duas condições que, no entanto, exigem recursos terapêuticos muito diferentes: o lipedema e o linfedema.

Lipedema

Trata-se de uma patologia caracterizada pela tendência do paciente a apresentar aumento de volume bilateral e simétrico dos membros inferiores, em decorrência de uma deposição subcutânea de gordura. Nela, há retenção hídrica e uma possível relação genética.

Linfedema

Compreende-se essa condição como um excesso de líquido intersticial no espaço tecidual devido a uma alteração do sistema linfático. Deve-se avaliar a presença de edema em todos os segmentos corporais, além de realizar uma inspeção palpatória dos centros linfodonais.

Entenda mais

Tratamentos eficazes de celulite exigem um entendimento do profissional no que diz respeito à fisiologia da condição, na avaliação eficaz e no domínio acerca dos recursos terapêuticos indicados.

Portanto, temos, na Plataforma Estética Experts, uma live completa para quem quer entender mais sobre essa afecção. Não perca!

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