A fototerapia é um equipamento versátil em termos de Estética. Afinal, de acordo com parâmetros como comprimento de onda, dose e potência do aparelho, promove efeitos distintos no organismo — desde ação bactericida em tratamentos de acne até a regeneração tecidual em pós-operatório.
Tendo em vista a eficácia da fototerapia, eu trago 4 motivos para investir nesse equipamento.
Eficácia comprovada para tratar acne
São vastos os níveis de evidência científica que envolvem o uso da fototerapia em tratamentos de acne. Para garantir a entrega de resultados, é preciso compreender a fisiopatologia da afecção e elencar, a partir disso, o recurso com os parâmetros adequados.
Luz azul
A luz azul, quando aplicada em comprimentos de onda que variam entre 400 e 470 nm, apresenta efeito bactericida bem elucidado na literatura científica.
De modo geral, a fototerapia azul leva à excitação de coproporfirina III, produzida e armazenada pelo P. acnes, uma das causadoras da afecção. A fotossensibilização, como consequência, resulta na destruição bacteriana.
Porém, ressalto a necessidade de verificar se o paciente apresenta, de fato, bactérias envolvidas na patogênese. A luz azul, dependendo da dose aplicada, pode resultar em inibição da proliferação de fibroblastos e da produção de colágeno; assim, tem-se um aspecto envelhecido da face. A lâmpada de Wood é um recurso eficaz para fazer essa avaliação.
Luz vermelha
Por volta de 600 nm, a luz vermelha apresenta importante efeito anti-inflamatório. Esta ação decorre da capacidade da fototerapia, quando aplicada em parâmetros específicos, de inibir espécies reativas de oxigênio, as quais atuam na expressão de COX (ciclo-oxigenase) e resultam na inibição da liberação de PGE2.
Portanto, o recurso é um excelente coadjuvante no tratamento de acne quando há inflamação envolvida na fisiopatologia.
No entanto, é importante considerar seus efeitos antes de associar tal recursos a outras técnicas. Assim, apesar da evidente eficácia da luz vermelha, não indico o seu uso após a aplicação de recursos que buscam gerar um processo inflamatório, como é o caso de microagulhamento, microdermoabrasão e radiofrequência.
Afinal, a inflamação é esperada no tratamento de afecções como estrias e cicatrizes hipotróficas de acne.
Coadjuvante em quadros de rosácea
A ação benéfica da fototerapia na rosácea se deve à sua capacidade de mediar a inflamação e os marcadores que compõem a fisiopatologia.
De acordo com um estudo de Braff e colaboradores (2005), os mecanismos da luz podem levar à regressão de TLR2 e catelicidina, atenuando a inflamação e a angiogênese por meio de modulação da resposta imune.
A fototerapia é um recurso promissor para, também, amenizar os sintomas da afecção.
Estudos promissores em melasma
Embora seja necessário um maior número de pesquisas envolvendo a aplicação de fototerapia no tratamento de melasma, já existem evidências que indicam os efeitos do recurso na fisiopatologia da afecção.
Como indicado no artigo Inhibitory effect of 660-nm LED on melanin synthesis in in vitro and in vivo, ao inibir a melanogênese — processo de transferência da melanina contida no melanócito para o queratinócito — e induzir a autofagia melanocítica, a fototerapia atua na diminuição da hiperpigmentação cutânea.
Assim, embora não seja um tratamento de primeira linha, trata-se de uma coadjuvante com potencial e que merece atenção nos estudos sobre melasma.
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Eficácia além da estética facial
A luz vermelha é capaz de atingir a mitocôndria da célula e o citocromo C, que age em espécies reativas de oxigênio, óxido nítrico e ATP. Como resultado, tem-se a transcrição do núcleo celular.
A fototerapia, quando aplicada por volta de 600 nm, leva algumas células a reagirem aumentando a sua proliferação, o que resulta em reparo e regeneração tecidual. Em decorrência disso, o recurso é eficaz em rejuvenescimento e pós-operatório de cirurgias plásticas, e para regenerar a pele em tratamentos de estrias e flacidez.
Conclusão
A produtividade de um profissional da Estética depende, também, dos equipamentos de trabalho disponíveis. Nesse sentido, o mais lógico é optar por recursos que, em primeiro lugar, tenham bons níveis de evidência científica. Em seguida, é importante analisar todas as possibilidades que tal equipamento oferece.
Como vimos neste texto, a fototerapia obedece a esses dois critérios. Por isso, reforço que o recurso merece ganhar, se não um lugar na clínica, um espaço na rotina de estudos de todo profissional que deseja potencializar seus resultados.