Durante muito tempo me questionaram sobre o jato de plasma: se eu usava, se indicava… E, depois de um tempo, passaram a me perguntar por que eu não falava sobre esse recurso. Bom, a resposta é simples: naquela época, no meu entendimento, não havia um volume de pesquisas científicas de qualidade que sustentassem seu uso na Estética.
Hoje, porém, já me sinto seguro em aplicar esse recurso, mesmo que seja interessante termos mais estudos acerca dessa técnica. Por isso, resolvi reunir aqui, algumas informações importantes que podem ajudar colegas que também desejam entender melhor como funciona o jato de plasma.
Jato de plasma x eletrocautério
Temos, nas clínicas brasileiras, dois recursos que levam a respostas fisiológicas semelhantes por meio de mecanismos distintos: o jato de plasma e o eletrocautério. Por isso, é essencial diferenciar e compreender esses métodos para definir as suas indicações e contraindicações.
Jato de plasma
Quanto aos princípios físicos, o jato de plasma consiste em uma corrente contínua ou pulsada de alta intensidade. Além disso, independentemente do tipo de equipamento (direto, indireto ou híbrido), o propósito é formar plasma – gás parcialmente ionizado que se refere ao quarto estado da matéria.
Quanto às respostas fisiológicas, busca-se gerar uma lesão tegumentar e estimular uma cascata de cicatrização tecidual por meio do aumento da proliferação de fibroblastos e da produção de colágeno, levando a uma consequente regeneração tecidual.
Não confunda um com o outro
Remetendo à física do aparelho, o eletrocautério se trata, convencionalmente, de uma corrente alternada de baixa intensidade. Diferentemente do equipamento de plasma, esse recurso busca gerar um jato de energia elétrica. Os efeitos que o eletrocautério produz no tegumento são semelhantes aos do jato de plasma.
No entanto, ressalto que mais pesquisas são necessárias para garantir, com segurança, a eficácia dessa técnica. Vale lembrar que uma das grandes dificuldades no uso do eletrocautério é controlar a quantidade de energia que chega ao tecido-alvo.
Indicações
Para definirmos os casos em que o jato de plasma é indicado, é essencial que haja uma compreensão plena a respeito dos efeitos fisiológicos desse recurso. De modo geral, trata-se de um aparelho que promove uma lesão na pele, desidratando a epiderme.
Esse fenômeno é descrito, pela literatura, como um “curativo biológico” que leva à criação de crostas e posterior descamação na região lesionada, possibilitando a formação de um novo tecido no local.
Com base nisso, a principal indicação do uso do jato de plasma é no tratamento de ptose palpebral, já que a lesão promove um estímulo fibroblástico e a síntese de colágeno e elastina.
Por isso, também, o recurso apresenta evidências científicas quando o assunto são discromias, principalmente aquelas relacionadas às manchas senis.
O jato de plasma também é indicado para:
- Rugas ou rítides;
- Ceratoses actínicas;
- Cicatrizes de acne;
- Envelhecimento cutâneo;
- Lesões benignas (atenção ao diagnóstico, para que não haja o risco de aplicar a técnica em lesões malignas).
Contraindicações
O jato de plasma é contraindicado em:
- Pacientes gestantes;
- Mulheres no período de lactação;
- Indivíduos com predisposição a alterações cicatriciais (queloides, especialmente);
- Pacientes que fizeram uso de isotretinoína nos 6 meses que precedem a aplicação da técnica.
A hiperpigmentação pós-inflamatória é um risco da aplicação desse recurso; por isso, fototipos V e VI são, também, uma contraindicação do jato de plasma.
Além disso, o profissional deve atentar à presença de doenças inflamatórias do sistema tegumentar e infecções ativas, já que o recurso pode exacerbar os quadros de inflamação.
Cuidados pós-procedimento
Após o procedimento com jato de plasma, o paciente deve iniciar o uso de Cicaplast na região lesionada até que a crosta proveniente da aplicação caia de forma natural (4-5 dias, de modo geral).
Depois disso, sugiro a utilização de ativos que promovem aumento da firmeza da pele. Geralmente, eu utilizo Tensine 5% e Raffermine 3%, na forma de creme ou gel creme, indicando que o paciente aplique o produto todas as noites por um período de 30 dias.