São diversas as dúvidas que permeiam o tratamento de flacidez – desde a fisiopatologia da afecção até as condutas terapêuticas mais adequadas, entregar resultado exige raciocínio clínico.

Sabendo disso, eu trago os principais pontos que eu levo em consideração no tratamento dessa afecção.

O que causa a flacidez?

De modo geral, associa-se a flacidez cutânea à perda gradativa de elementos que constituem o tecido conjuntivo; dentre eles, temos a elastina, os fibroblastos e o colágeno. Logo, há diminuição da firmeza entre as células, que pode ou “afrouxar” a pele, ou tracionar a estrutura de modo superior à sua capacidade resistiva.

Mas, afinal, o que causa essa afecção? Em síntese, além da predisposição genética, a tração excessiva e o envelhecimento fisiológico podem levar à flacidez. 

Uma vez que a pele apresenta comportamento viscoelástico, quando o seu limite é excedido, o tecido não retorna ao seu tamanho original; consequentemente, temos a flacidez tissular. Essa é uma característica comum em gestantes e no pós-emagrecimento de pacientes obesos.

Imagem retirada do livro Raciocínio Clínico Aplicado à Estética Corporal

Além disso, sabe-se que, especialmente a partir da terceira década de vida, a pele humana passa a ter a tendência a se tornar delgada, enrugada, seca e até mesmo escamosa. Associado a isso, as fibras colágenas da derme se tornam mais grossas, as fibras elásticas acabam perdendo parte de suas capacidades retráteis e, ainda mais, há uma diminuição gradual de gordura do tecido subcutâneo. Como resultado, temos uma possível flacidez.

Primeiramente: promova a inflamação

Tendo em vista a fisiopatologia da flacidez, tratar essa afecção requer condutas terapêuticas que promovem um processo inflamatório no tegumento. 

Para isso, o recurso que atribuo como principal aliado em tratamentos dessa afecção é, sem dúvida nenhuma, a radiofrequência. Quando elencada acima de 37 °C, tem a capacidade de ativar HSP (proteína do choque térmico), que resulta em uma cascata de eventos inflamatórios:

hemorragia → fibrinólise → processo inflamatório

Após isso, entramos na fase de cicatrização e de produção de colágeno, que é finalizada em 28 dias. 

Lembre, ainda, que a eficácia na aplicação depende da capacidade de elencar os parâmetros adequados. De modo geral, a lógica que sigo é:

  • Áreas de 10×10 cm²
  • 10 minutos de aplicação
  • 2.4 MHz
  • Acima de 37 °C

Porém, é importante lembrar que uma das consequências da inflamação é gerar estresse oxidativo e, consequentemente, radicais livres. Logo, é preciso respeitar o intervalo entre sessões, a fim de se evitar uma lesão exacerbada. Portanto, esperamos 30 dias antes de uma nova aplicação de radiofrequência.

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Otimize a regeneração

No intervalo de tempo entre as sessões de radiofrequência, do 2º ao 30° dia após a inflamação, indica-se elencar condutas terapêuticas que otimizam a regeneração do tecido, aumentando a proliferação de fibroblastos e a produção de colágeno

Para isso, é possível aproveitar condutas de eletroterapia, cosmetologia e nutricosméticos. Como exemplos, deixo:

Eletroterapia

  • Ultrassom pulsado 10%
  • Fototerapia, por volta de 600 nm
  • Microcorrentes

Cosmetologia

  • Fatores de crescimento (0,5 a 1,5% quando em associação, e 3% se isolado)
  • Vitamina C (7 a 20% quando isolado)

Nutricosméticos

  • Colágeno

Lembre de avaliar o paciente

Mesmo a melhor conduta clínica não surte efeito se o organismo do paciente não apresentar condições fisiológicas de produzir o tecido de regeneração.

De modo geral, é essencial estar atento, principalmente, aos níveis de vitamina D antes de elencar qualquer recurso. Afinal, trata-se de uma vitamina que controla mais de 200 genes, regulando, proliferando e diferenciando células. É responsável, também, pelo processo de angiogênese, e regula os fatores de crescimento no tegumento. 

Tendo isso em vista, não há como garantir eficácia no tratamento em caso de deficit de vitamina D. Quando em baixos níveis, é preciso que o paciente a suplemente antes de qualquer conduta.

Conclusão

Cada paciente é único. Sabendo disso, dominar as condutas terapêuticas indicadas para cada afecção não é garantia de sucesso clínico.

Lembre sempre que o organismo humano é complexo. Em caso de flacidez tecidual, é preciso que o paciente tenha condições fisiológicas de produzir os efeitos necessários para a entrega de resultados. Compreendendo que a prática estética não se resume a aplicar equipamentos, torna-se possível tratar a condição de forma segura e eficaz.

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