Em meio a tantas dúvidas e achismos que permeiam o nosso fazer estético na área de corporal, são as evidências científicas que permitem enxergar a prática clínica com clareza e segurança.

É por isso que separei 8 das mais recorrentes perguntas acerca dessa área para que você comece 2022 com o pé direito, entregando os melhores resultados clínicos.

Em quantos minutos as correntes excitomotoras promovem oxidação?

Para responder a essa pergunta, precisamos, primeiramente, nos voltar à fisiologia do organismo humano. 

Na área da Educação Física, fala-se em 12 minutos de atividade aeróbica para promover gasto energético corporal. No entanto, esses dados são controversos. Por isso, o que define o tempo de aplicação das correntes excitomotoras na prática estética é o condicionamento físico do paciente. 

De modo geral, trabalhamos 20 minutos naqueles que têm um condicionamento físico adequado, e 40 minutos em quem não tem. 

Qual o melhor peeling para mancha de acne nas costas?

Dentre os demais processos que envolvem o surgimento da acne, a inflamação está bem elucidada na literatura científica. Em função disso, é possível que a hiperpigmentação pós-inflamatória surja como consequência de quadros acneicos.

O uso de peelings químicos é, sem dúvida alguma, a principal e mais eficaz forma de tratar discromias. Os ativos devem atuar em todas as fases da síntese de melanina: antes, durante e depois. 

Por isso, indico:

• Tranexâmico: é considerado um agente antifibrinolítico inibidor de plasmina, a qual estimula a produção de ácido araquidônico, levando à liberação de fator de crescimento.
• Kójico: inibe a enzima tirosinase, bloqueando o processo de melanogênese. É possível, porém, substituir o ácido kójico pelo arbutin.
• Glicólico: apresenta interferência direta no processo de transferência da melanina para as diferentes camadas da pele.

Por outro lado, quando tratamos de eletroterapia, o recurso mais indicado é a fototerapia de baixa intensidade.

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Radiofrequência pode causar alterações cutâneas?

Tendo em vista que trata-se de um equipamento que, para gerar os efeitos fisiológicos desejados, promove uma inflamação em função do aquecimento tecidual, são inúmeras as reações que podem ser geradas no tegumento.

As manifestações cutâneas na região corporal advindas da aplicação de radiofrequência podem ocorrer em pacientes com alguma alteração na saúde, como, por exemplo, diabéticos tipo 1 e 2 ou imunodeprimidos. Quando tratamos desses casos, o recurso é contraindicado.

Como definir os parâmetros da radiofrequência?

Mesmo sendo um aparelho muito usado em clínicas de Estética, a parametrização da radiofrequência causa muitas dúvidas. 

O primeiro ponto é entender qual é o objetivo do tratamento e a fisiopatologia da afecção para, assim, definir a profundidade de penetração da onda que busca-se atingir. Em caso de gordura corporal, por exemplo, é necessário utilizar um aparelho monopolar ou em baixas frequências (profundidade de penetração é inversamente proporcional à frequência).

Depois, deve-se atentar à temperatura de aplicação. Quando o intuito é gerar lesão adipocitária, como no tratamento de estrias, flacidez e gordura localizada, é preciso elencar temperaturas acima de 37 °C. Por outro lado, o uso de temperaturas abaixo de 37 °C é eficaz para celulite fibrótica, cicatrizes hipertróficas e fibrose tecidual, uma vez que visa apenas o remodelamento.  Além disso, sugiro a aplicação por 10 minutos e em áreas de 10×10 cm².

Quanto tempo de eletroterapia o corpo suporta?

A resposta para isso é simples: depende. A dica para trabalhar com segurança e eficácia na estética corporal é sempre seguir o que é referenciado pela literatura científica.

No caso da radiofrequência, indico o uso por 10 minutos em áreas de 10×10 cm² ou, no máximo, por 20 minutos. O ultrassom usamos comumente por 20 minutos, com aplicação máxima de 40 minutos, e essa é a mesma lógica que seguimos em tratamentos com correntes excitomotoras. A plataforma vibratória é aplicada por até 25 minutos. A fototerapia, por outro lado, é dose-dependente, então, o tempo de uso depende deste parâmetro.

Apenas sugiro um cuidado maior quando tratamos de recursos que promovem um processo inflamatório, porque um tempo exacerbado de aplicação pode gerar efeitos adversos.

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Como diferenciar celulite inflamatória de celulite fibrótica? 

Não há segredo: é por meio da termografia infravermelha que conseguimos definir se a celulite está na fase inflamatória ou fibrótica. Afinal, esse recurso diferencia os estágios da afecção por meio da distribuição de temperatura da superfície tegumentar.

Se a diferença de temperatura é de, em média, 3-5 °C entre a região que apresenta celulite e as áreas adjacentes, determina-se um quadro inflamatório.

Dica: não tem a termografia infravermelha em casa? Então, trate a celulite como inflamatória. Assim, não corre-se o risco de piorar a condição.

Para estrias: radiofrequência monopolar ou bipolar?

Um dos princípios físicos que permeiam o funcionamento desse aparelho é a frequência do equipamento, que é inversamente proporcional à profundidade de penetração da onda no organismo. 

Por isso, quando tratamos de estrias, não há razão para aplicar um equipamento monopolar, uma vez que ele tem maior ação em tecidos mais profundos devido à característica de apresentar apenas um polo e uma placa para fechar o circuito. 

A radiofrequência monopolar, por atuar na tela subcutânea, é eficaz para tratamentos de gordura. Logo, um equipamento bipolar é o suficiente em casos de estrias.

O que fazer quando há celulite e flacidez na mesma região?

Aqui, a minha sugestão é sempre tratar a celulite primeiro. Afinal, o quadro pode ser inflamatório ou fibrótico e, em tratamentos de flacidez, é preciso gerar uma inflamação na derme.

Tratando a celulite primeiro, conseguimos definir em qual fase a inflamação está e, então, evitar recursos que possam piorar o quadro clínico.