Estima-se que, em 2050, 29,6% da população brasileira será composta por idosos. Tendo isso em vista, e sabendo que a insatisfação com a aparência estética decorrente do envelhecimento cutâneo é uma das queixas que mais chegam até as clínicas, não restam dúvidas de que nós, profissionais, devemos nos aperfeiçoar cada vez mais em relação aos aspectos que envolvem essa condição. 

Antes de tudo, deve-se ter em mente que o processo de envelhecer deriva de duas vias: a intrínseca e a extrínseca. A primeira trata-se das mudanças causadas por fatores fisiológicos, alterando conforme as características hereditárias. A segunda, por outro lado, tem relação com causas externas, como exposição à radiação solar, tabagismo e má alimentação.

De acordo com a minha prática clínica, e me baseando em vários estudos científicos, compreendi que o caminho para entregar resultado no rejuvenescimento e trabalhar em alta performance é atentar a três principais estruturas: musculatura, gordura e pele.

1 Musculatura

Diversos autores apontam a existência de 3 Rs fundamentais no tratamento para envelhecimento cutâneo: relaxar, renovar e regenerar. Quando nos remetemos à musculatura, tensionar essa estrutura é um dos processos que mais levam à formação de rugas dinâmicas; por isso, recursos que promovem o seu relaxamento são ideais. Dentre eles, a toxina botulínica é a que apresenta melhores resultados, principalmente quando tratamos do terço superior da face.

Seguindo a lógica de que a tensão da musculatura leva ao aparecimento de rítides, evitar recursos que geram estímulos musculares, como as correntes excitomotoras, é essencial. É importante, também, fugirmos de exercícios de mímica facial.

2 Gordura

Caso o objetivo do tratamento facial seja promover o rejuvenescimento, não aplique técnicas que retiram tecido adiposo. Afinal, a gordura proporciona sustentação; logo, a sua remoção leva ao envelhecimento precoce.

Ressalto isso, porque vejo muitos colegas de profissão aplicando recursos capazes de atingir essa estrutura (como a radiofrequência monopolar ou com frequência baixa, ou o ultrassom de 3 MHz), resultando em um aspecto envelhecido do tegumento. 

3 Pele

Quando falamos em raciocínio clínico aplicado ao rejuvenescimento, não há como fugirmos de uma premissa fundamental: deve-se estimular a regeneração dos constituintes da derme (elastina e colágeno).

Esse estímulo pode ser provocado através de técnicas que promovem a inflamação tecidual controlada, como radiofrequência (com exceção de aparelhos monopolares, ou quando aplicada em frequências baixas), microagulhamento e carboxiterapia. 

No entanto, reforço que, para que a derme se regenere, é indispensável que o organismo do paciente apresente as condições necessárias para isso. Pode-se atingir esse estado por meio de:

  • Boa alimentação;
  • Consumo adequado de vitaminas e nutrientes;
  • Uso de protetor solar;
  • Mínima ingestão possível de açúcar;
  • Não tabagismo;
  • Qualidade de sono.

Além do mais, é fundamental aguardar o período para que esse processo ocorra no tecido antes de estimular, novamente, a inflamação tecidual – em média, 21 dias. Durante esse intervalo de tempo, uma ideia interessante é optar por recursos que levam à regeneração, como laser e LED (luz vermelha, em específico), e microcorrentes.

Renovação celular

O aspecto rejuvenescido da face depende de um fenômeno: a renovação celular. Para promovê-la, os peelings químicos, como o ácido glicólico (que induz a renovação celular e a hidratação) e o ácido retinoico (que aumenta a espessura epidérmica, reduz a expressão de metaloproteinases e incrementa a síntese de colágeno), e os peelings físicos (diamante e cristal), são excelentes aliados.

No entanto, não esqueça que a cautela é sempre bem-vinda na hora de estimular esse processo, já que a ativação excessiva de mitose pode levar ao envelhecimento. Aqui, aplica-se a teoria dos telômeros, que é abordada no texto Peeling para rejuvenescimento? Cuidado!

Conclusão

Assim como nos demais tratamentos estéticos, não existe uma fórmula mágica capaz de rejuvenescer o tegumento. Porém, a associação de condutas terapêuticas, de hábitos de vida saudáveis, e da atenção às três principais estruturas envolvidas no envelhecimento cutâneo auxilia nesse processo.

Dessa forma, pensar no paciente como um todo é a chave para o sucesso clínico.

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