O aquecimento tecidual promovido pela radiofrequência gera uma variedade de efeitos no tecido-alvo. Quando tratamos de rejuvenescimento, a eficácia desse recurso de eletroterapia é garantida, também.
No entanto, o sucesso clínico e a entrega de resultados dependem de uma prática estética pautada em evidências científicas, atribuindo sempre a segurança e a responsabilidade como nortes profissionais. Em vista disso, eu trago 4 dicas para tratar envelhecimento com radiofrequência de forma eficaz.
Respostas fisiológicas da RF no envelhecimento cutâneo
Definida como um aparelho emissor de onda eletromagnética que gera calor por conversão, a radiofrequência induz danos térmicos que trazem efeitos diversos no tegumento.
Em tratamentos que visam promover o rejuvenescimento, as respostas fisiológicas produzidas são distinguidas entre curto e longo prazo:
- Efeito de curto prazo: Contração do colágeno.
- Efeito a longo prazo: Estimulação da síntese de colágeno através do processo de reparo tecidual.
1º Não use ativos antes da aplicação
A primeira dica é simples, mas importante: não aplique ativos tópicos antes da radiofrequência, nem elenque a fonoforese com esse recurso.
Afinal, a RF é um aparelho que promove o aquecimento e, por isso, antes de atingir o tecido-alvo, o ativo tópico acaba sendo degradado por essas altas temperaturas.
DICA DE LEITURA: As 3 estruturas no tratamento do envelhecimento
2º Evite equipamentos monopolares/baixas frequências
A lógica da radiofrequência é simples: quanto menor for a frequência (0,8 MHz, por exemplo), maior será a penetração da onda no tecido. Por isso, aparelhos monopolares ou em baixas frequências podem ser elencados para tratar gordura, já que a onda acaba atingindo o tecido adiposo.
Porém, caso o objetivo não seja remover gordura, a radiofrequência que segue esses parâmetros é uma contraindicação. Além do mais, sobretudo no caso de procedimentos faciais, é preciso considerar que a gordura é um tecido de sustentação: ao retirá-la, corremos o risco de aumentar a flacidez da região e, consequentemente, trazer um aspecto envelhecido ao rosto.
3º Respeite o intervalo entre as sessões
A sugestão que eu deixo é aguardar, em média, 30 dias antes de uma nova sessão de radiofrequência. De modo geral, quando o propósito é promover o rejuvenescimento, é necessário que o tempo para que ocorra a regeneração tecidual seja respeitado.
Após aplicar o recurso, o tecido passa por uma sequência de eventos:
Hemorragia → Inflamação → Proliferação de fibroblastos → Produção de colágeno
Então, existe um intervalo de tempo para que a síntese de colágeno ocorra, trazendo os efeitos que buscamos em tratamentos de envelhecimento da pele.
Lembro, também, que a inflamação excessiva gera estresse oxidativo; esse fenômeno, segundo a literatura científica, é um potencializador de envelhecimento.
Sugestão: nas semanas pós-procedimento e antes de nova sessão, opte por condutas que estimulem a regeneração tecidual, como microcorrentes e fototerapia vermelha de baixa intensidade.
4º Não aplique RF nestas afecções
Sabe-se que o calor, que é promovido pela radiofrequência, acentua o processo de melanogênese. Assim, aplicar esse equipamento em pacientes com melasma ou qualquer outro tipo de hiperpigmentação pode piorar o quadro clínico.
Quando falamos em rosácea, sabe-se que a sintomatologia é, em muitos casos, influenciada por gatilhos, sendo o calor um dos principais.
Substitua pelos seguintes recursos
Em caso de envelhecimento associado à hiperpigmentação, uma dica é:
- Microagulhamento + Ácido tranexâmico 0.4%
Afinal, o microagulhamento promove inflamação, que leva à regeneração tecidual, e o ácido tranexâmico é inibidor de plasmina, bloqueando a cascata de ativação da melanogênese.
Agora, se o paciente busca o rejuvenescimento e apresenta, também, um quadro de rosácea, sugiro optar por:
- Fototerapia (luz vermelha) de baixa intensidade
Esse recurso estimula a proliferação de fibroblasto e a produção de colágeno sem, no entanto, promover um processo inflamatório — inclusive, por atuar como anti-inflamatório, é um aparelho padrão-ouro para tratamento de rosácea.
Conclusão
O uso da radiofrequência para promover o rejuvenescimento é amplamente respaldado pela literatura científica. Porém, antes de aplicar qualquer recurso de eletroterapia, é preciso entender o que podemos, ou não, fazer na prática clínica.
Raciocinar clinicamente, tendo em vista a fisiopatologia da afecção, o quadro do paciente e os princípios físicos que compõem o aparelho a ser elencado é a chave da entrega de resultados eficazes em qualquer tratamento estético.