Com a estação mais quente do ano se aproximando, a procura por tratamentos estéticos corporais cresce consideravelmente (padrão que se repete anualmente), necessitando de uma avaliação minuciosa por parte do profissional de Estética. 

Porém, mesmo quando tratamos de afecções tão recorrentes, a dificuldade em entregar resultados é um obstáculo da prática clínica. Para isso, eu trago três das principais afecções estéticas corporais e como avaliá-las de modo a maximizar a entrega de resultados e promover uma melhora da autoestima aos nossos pacientes.

Avaliação de celulite

O surgimento da celulite é explicado por três diferentes teorias. Dentre elas, a inflamação recidiva é a mais descrita na literatura científica, definindo, como causador do desenvolvimento dos septos fibrosos, o processo inflamatório crônico. 

Esse, por sua vez, está relacionado com os hormônios ovarianos, os quais atuam negativamente na manutenção da integridade do colágeno e na distribuição e armazenamento de gordura. 

A afecção é dividida em:

  • Inflamatória: Hipertrofia do tecido adiposo e edema
  • Fibrótica: Diminuição da vascularização e produção excessiva de tecido

Termografia infravermelha

Com base na teoria da inflamação recidiva, o melhor método de avaliar a fase da celulite e, consequentemente, aplicar os recursos eficazes em cada caso, é a termografia infravermelha.

Ao detectar a luz infravermelha emitida pelo corpo, esse recurso avalia com base na distribuição de temperatura na superfície tegumentar, a qual altera de acordo com o suprimento vascular cutâneo e subcutâneo.

No entanto, lembro que a cor das imagens termográficas não é um indicativo da fase da celulite. O que determina o estágio da afecção é a comparação entre a temperatura da região com quadro celulítico e as áreas adjacentes: em caso de, em média, 0.75 °C de diferença, a celulite é inflamatória.

Então, no processo avaliativo:

Delimite a área com celulite
Posicione a termografia acima da região e verifique a sua temperatura
Compare com a temperatura obtida nas áreas adjacentes

Dica: câmeras termográficas portáteis, que podem ser acopladas no celular, são uma excelente forma de registrar a temperatura de cada área avaliada para posterior comparação.

Na dúvida, trate como inflamatória

Não possui uma termografia infravermelha na sua clínica? Então, trate a afecção, inicialmente, como inflamatória.  

Afinal, caso a celulite seja, de fato, causada por um processo inflamatório, haverá melhora do quadro clínico; se for fibrótica, a entrega de resultados não será alcançada. No entanto, a lógica contrária (aplicando recursos para fibrose em inflamação) piora consideravelmente a celulite. 

Esse é um erro muito comum. Inclusive, eu o cometi há muitos anos, no início da minha carreira em Estética: ao elencar ultrassom contínuo e vácuo em um quadro inflamatório, promovi um aumento de edema e retenção hídrica local, resultando em vasodilatação e consequente agravamento da afecção.

Se avaliação fosse uma questão mais debatida na época, talvez essa situação tivesse sido evitada. 

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Avaliação de flacidez

A flacidez tissular é conceituada como uma diminuição de estruturas do sistema tegumentar que levam à manutenção da hidratação e da tonicidade dos tecidos, os quais, por sua vez, são responsáveis por sustentar as partes moles do corpo.

O aspecto visual, verificado por meio da fotografia clínica, permanece sendo a melhor forma de avaliar quadros de flacidez. No entanto, é possível quantificar a melhora dessa afecção ao longo do tratamento.

Utilizando uma fita métrica, marque dois centímetros no tegumento 
Tracione a pele 
Verifique a medida obtida na expansão da área. 

Com o decorrer do tratamento, espera-se uma diminuição dos centímetros verificados nesta primeira avaliação.

Avaliação de gordura

A procura crescente por tratamentos de gordura localizada resulta na necessidade de uma prática clínica segura e eficaz. Para isso, é essencial avaliar o paciente de forma precisa. 

NÃO se baseie no IMC

Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que a perda de peso não é, necessariamente, um sinal de emagrecimento, já que pode ocorrer por diversos fatores (como perda de líquido pelo uso de diuréticos, por exemplo). 

O cálculo de IMC (Índice de Massa Corpórea) costuma ser a primeira escolha de profissionais que buscam avaliar a gordura corporal. Porém, por somente levar em conta a relação entre peso e altura, esse processo avaliativo não indica se o resultado se trata de massa gorda ou de massa muscular.

Opte por estes dois recursos:

  • Perimetria – avaliação do grau de desenvolvimento de constituintes anatômicos de determinado segmento e da simetria entre as estruturas de interesse.
  • Adipometria – avaliação das dimensões de espessura da tela subcutânea como indicador da gordura localizada.

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Avalie o perfil lipídico

Determinados recursos eficazes no tratamento de gordura corporal, como o ultrassom, podem levar a alterações lipídicas que têm a chance de resultar em doenças cardiovasculares.

Por isso, antes de elencar qualquer conduta terapêutica, é indispensável avaliar o perfil lipídico do paciente. Caso haja alteração nos níveis de colesterol e triglicerídeos, ou, ainda, que exista um histórico de esteatose hepática, deve-se indicar um acompanhamento multidisciplinar.

Para esse tipo de avaliação, existem equipamentos portáteis que podem ser utilizados na própria clínica: ao colocar uma gota de sangue na tira, indicam o perfil lipídico de forma rápida e precisa.

Conclusão

Com a supervalorização da imagem corporal e as diversas influências midiáticas que recebemos constantemente, é comum que a busca por tratamentos estéticos cresça cada vez mais.

Porém, é tarefa do profissional que trabalha com ética e responsabilidade alinhar as expectativas do paciente com os resultados que conseguimos, de fato, entregar. Além disso, é necessário entender as necessidades de quem busca os nossos serviços e as contraindicações para cada caso. 

Assim, atingir o sucesso em Estética, trazendo bem-estar e qualidade de vida aos pacientes, só é possível a partir de uma avaliação minuciosa e pautada em evidências científicas.

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