Não é novidade que a hiperplasia paradoxal é um possível efeito adverso da criolipólise, merecendo um olhar atento do profissional da Estética que aplica esse recurso na clínica.
Porém, não é apenas com o uso desse equipamento que corremos o risco da intercorrência: uma nova pesquisa evidencia a incidência de hiperplasia paradoxal pós-radiofrequência.
Embora um único caso não seja suficiente para emitirmos considerações concretas, considero imprescindível estarmos a par do estudo, tendo em vista que a radiofrequência é um dos recursos mais presentes em clínicas brasileiras.
O que é hiperplasia paradoxal?
Considerado um efeito raro, mas já bem elucidado na literatura científica, a hiperplasia paradoxal não decorre de algum erro mecânico ou profissional.
Devido a causas ainda desconhecidas, o tratamento não resulta em redução do conteúdo de gordura; pelo contrário: tem-se uma hiperplasia do adipócito.
Consequentemente, ocorre um aumento no número de células adiposas e fibrose no local de aplicação, resultando em uma gordura maior e mais compacta. Esse efeito costuma ser visível no período de 1 a 6 semanas após o tratamento estético.
Estudo de caso: hiperplasia paradoxal pós-radiofrequência
Muito se fala na hiperplasia paradoxal como um possível efeito adverso pós-criolipólise, recurso que promove apoptose adipocitária.
No entanto, o artigo científico “Paradoxical adipose hyperplasia after noninvasive radiofrequency treatment: A novel report and review” trouxe um estudo de caso que serve como sinal de alerta a todos os profissionais da Estética.
Publicado em 2019 pelo Journal of Cosmetic Dermatology, o artigo descreve um quadro de hiperplasia adiposa paradoxal em um paciente do sexo masculino, de 57 anos, após aplicação de radiofrequência multipolar no abdômen.
Constatou-se que a região que recebeu o tratamento passou a apresentar um tecido adiposo firme e fibroso semelhante ao apresentado no exame clínico de hiperplasia paradoxal pós-criolipólise.
Como medida para reverter o caso, buscou-se a lipoaspiração.
Além disso, o estudo aponta que a aplicação de métodos não invasivos para tratamento de gordura têm maior probabilidade de resultar em hiperplasia paradoxal quando feita em regiões maiores, e em homens.
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Radiofrequência para tratamento de gordura
A radiofrequência trata-se de um aparelho emissor de onda eletromagnética que promove diatermia ao gerar calor por conversão; isto é, resulta em aquecimento tecidual.
Com amplo respaldo na literatura, quando aplicado acima de 38°C, o recurso ativa HSP (proteína do choque térmico). Com isso, resulta em eventos inflamatórios que estimulam a proliferação de fibroblastos e a produção de colágeno.
Em tratamentos que visam o emagrecimento, tem a capacidade de gerar lesão adipocitária por rota citolítica.
Conclusão
A Estética está em constante transformação: novas evidências surgem a todo momento, exigindo que a prática clínica seja repensada de forma a promover maior segurança e eficácia nos tratamentos.
É evidente que precisamos de mais estudos acerca do risco de hiperplasia paradoxal pós-radiofrequência. No entanto, tendo como premissa a saúde e o bem-estar, percebe-se a necessidade de alertar os pacientes sobre a possibilidade dessa intercorrência.
Apesar disso, a radiofrequência segue sendo um dos melhores recursos na estética corporal. Afinal, é amplo o número de pesquisas que respaldam a sua eficácia.
Logo, alerto somente para a necessidade de monitorar constantemente a prática estética a fim de trazer os melhores resultados clínicos.
REFERÊNCIA: