Capaz de tratar afecções cuja apresentação clínica consiste em depressões da pele, o microagulhamento é um dos principais recursos mencionados pela literatura científica para o tratamento de cicatrizes de acne.

Em síntese, a técnica é realizada através de um dispositivo que contém microagulhas de 0,25 a 2,5 mm e que tem, como objetivo, promover microtraumatismos cutâneos e formar microcanais com perfurações do tegumento. No manejo de cicatrizes de acne, o microagulhamento gera um processo inflamatório controlado e, com isso, estimula a produção de colágeno sem promover uma desepitelização total da epiderme.

No entanto, para entregar resultados de excelência e garantir segurança na prática clínica, é indispensável que o profissional de Estética atente a algumas variáveis do tratamento. Pensando nisso, eu separei 3 dicas de microagulhamento em cicatrizes de acne.

Atente ao tipo de alteração cicatricial

Existem três tipos distintos de alterações cicatriciais de acne que podem surgir no ambiente clínico: as cicatrizes queloidianas, hipotróficas e hipertróficas.

Queloide

As cicatrizes queloidianas consistem em pápulas e nódulos vermelho-púrpuras que extravasam a borda da lesão, manifestando-se na parte superior do tronco em 90% dos casos. 

Na Estética, ainda não há recursos bem elucidados para o tratamento desse tipo de alteração cicatricial. O microagulhamento é, portanto, contraindicado nesse caso.

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Cicatrizes hipertróficas

As cicatrizes hipertróficas de acne surgem devido a uma deposição excessiva de colágeno e a uma diminuição da atividade da colagenase. Para tratá-las, deve-se, em suma, realinhar as fibras de colágeno.

Tendo em vista os efeitos fisiológicos gerados pelo microagulhamento, contraindica-se a aplicação do recurso nesse tipo de alteração cicatricial.

Cicatrizes hipotróficas

Dividindo-se em ice-pick, rolling e boxcar, as cicatrizes hipotróficas apresentam, em sua fisiopatologia, diminuição dos constituintes da derme, em especial o colágeno.

  • Ice-pick: Tratam-se de depressões cilíndricas verticais, profundas e estreitas;
  • Rolling: Esse tipo de cicatriz hipotrófica se caracteriza como uma depressão superficial com dimensões variáveis. As suas características fisiológicas refletem a fibrose subjacente da derme e dos tecidos adiposos subcutâneos;
  • Boxcar: As lesões do tipo boxcar são de formato oval ou circular bem delimitado, apresentando características mais alargadas.
Tipos de cicatrizes hipotróficas de acne

O microagulhamento é um excelente aliado no manejo das cicatrizes hipotróficas, entregando resultados eficazes no plano de tratamento.

Atribua os parâmetros ideais do microagulhamento

Para garantir os efeitos esperados e evitar intercorrências clínicas, deve-se, antes de tudo, atentar aos parâmetros de aplicação elencados em tratamentos com microagulhamento.

A literatura científica sugere o uso de agulhas de 1.5 mm quando o objetivo é estimular a produção de colágeno em alterações cicatriciais de acne. Ademais, quando utiliza-se o dispositivo roller, indica-se até 15 passadas; com caneta, é sugerido até 10 passadas. A aplicação deve ser feita em formato de asterisco.

A pressão vertical imposta pelo profissional, com o uso do roller, não deve ultrapassar 6 N, e é preciso, além disso, elencar movimentos uniformes de vai e vem.

Aposte no drug delivery pós-microagulhamento

Estudos sugerem que o microagulhamento tem a capacidade de facilitar a permeação transdérmica de ativos, potencializando, com isso, os efeitos do tratamento.

Portanto, após a aplicação, é indicado associar princípios ativos eficazes no manejo das cicatrizes de acne, como fatores de crescimento.

Sugestão de formulação tópica:

EGF 1%
bFGF 1%
Copper peptídeo 1%
Vitamina C nano 10%

Compreendendo os efeitos do microagulhamento e elencando o recurso de acordo com as evidências científicas, torna-se possível entregar resultados eficazes e seguros no tratamento de cicatrizes de acne.

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