As cicatrizes de acne impactam significativamente na qualidade de vida dos pacientes: estudos indicam que a sua presença ocorre em 95% dos pacientes com acne vulgar, e está associada até mesmo ao risco de suicídio. Porém, percebo que entregar resultado nessa afecção ainda é um obstáculo que muitos colegas enfrentam.
É por esse motivo que falo, neste post, sobre os diferentes tipos de alterações cicatriciais, e as condutas terapêuticas que podem ser aplicadas para tratar cada caso.
Queloide
As cicatrizes de acne queloideanas, devido à semelhança que apresentam quando estão em seu estágio inicial, podem ser confundidas com cicatrizes hipertróficas.
No entanto, o queloide se trata de pápulas e nódulos vermelho-púrpuras que extravasam a borda da lesão e, em 90% dos casos, se manifestam na parte superior do tronco.
Além disso, existe uma relação genética envolvida na patogênese, motivo pelo qual deve-se atentar ao histórico – tanto familiar quanto do próprio paciente. A hiperemia também costuma estar presente nessa condição.

Quando nos remetemos ao tratamento, ainda não temos, na Estética, recursos bem elucidados. O LED azul pode ser um bom coadjuvante, já que, em determinadas doses e comprimentos de onda, tem a capacidade de reduzir a proliferação de fibroblasto e a produção de colágeno. Porém, quando determinada a presença de queloide, alguns casos podem exigir encaminhamento a um profissional da Medicina.
Cicatrizes hipertróficas
A fisiopatologia desse tipo de alteração cicatricial consiste em uma deposição excessiva de colágeno e uma diminuição da atividade da colagenase. Sabendo disso, o plano de tratamento deve consistir em realinhar as fibras de colágeno.
A radiofrequência, quando aplicada em baixas temperaturas, promove a desnaturação do colágeno dérmico com posterior neocolagênese e remodelação; por isso, considero esse um recurso indicado para cicatrizes hipertróficas.
Da mesma forma, o vácuo e as terapias manuais também apresentam eficácia no tratamento.
Cicatrizes hipotróficas
A diminuição dos constituintes da derme, principalmente o colágeno, é o que determina o surgimento dessa alteração cicatricial, que é a mais comum dentre as mencionadas anteriormente.
Em síntese, existem três tipos de cicatrizes hipotróficas cujas fisiopatologias devem ser dominadas: ice-pick, rolling e boxcar.

Ice-pick
As alterações do tipo ice-pick se tratam de depressões cilíndricas verticais, profundas e estreitas. Por apresentarem uma profundidade mais evidente, essas lesões costumam ser mais resistentes aos tratamentos estéticos.
Rolling
Essa cicatriz se caracteriza como uma depressão superficial com dimensões variáveis, e cujas características fisiológicas refletem a fibrose subjacente da derme e dos tecidos adiposos subcutâneos. São, também, perceptíveis conforme as variações de iluminação do ambiente.
Boxcar
As lesões do tipo boxcar apresentam formato oval ou circular bem delimitado. Têm, também, características mais alargadas quando comparadas às puntiformes deprimidas, mas possuem uma menor profundidade.
Plano de tratamento
A partir do momento em que entendemos as características de cada tipo de cicatriz hipotrófica, é possível pensarmos em um plano de tratamento.
Dentre os recursos que tenho como aliados da minha prática clínica, o microagulhamento tem a capacidade de estimular a produção de colágeno sem, no entanto, promover uma desepitelização total da epiderme. Outro ponto interessante a respeito dessa técnica é que ela favorece a permeação transdérmica de ativos.
Já a microdermoabrasão, tipo de peeling mecânico, induz a expressão de pró-colágeno tipos I e III, a proliferação de fibroblastos e a produção de colágeno, o que resulta em uma nova deposição na derme. Tem, também, a capacidade de facilitar a permeação de ativos.
A carboxiterapia, por promover uma inflamação, é capaz de ser elencada no tratamento de cicatrizes hipotróficas.
Ressalto que deve-se respeitar um intervalo de 15 a 28 dias entre as sessões de microagulhamento, de microdermoabrasão e de carboxiterapia, visto que a renovação do tegumento deve acontecer de forma efetiva.
Nesse intervalo entre as sessões, é uma boa ideia apostar em recursos que promovem a regeneração tecidual, como fatores de crescimento, vitamina C e fototerapia.