Tida como uma importante aliada na busca pelo efeito rejuvenescedor da face, a toxina botulínica é muito bem consolidada no meio científico para o tratamento de rugas.

O procedimento consiste na aplicação de injeções nos músculos subjacentes, visando o bloqueio da contração dessa musculatura e o relaxamento da região. A toxina botulínica é uma das responsáveis por manter o Brasil como um dos primeiros colocados no ranking de procedimentos estéticos minimamente invasivos.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a busca por procedimentos estéticos não cirúrgicos teve aumento de 390% em dois anos. Não há dúvidas de que o mercado teve uma excelente aceitação desse procedimento. Mas, e a Ciência, o que diz sobre isso?


Quando a toxina botulínica é a melhor opção

Essa é uma técnica que exige muito conhecimento por parte dos profissionais que aplicam tal procedimento, além do domínio acerca da anatomia e da fisiologia do corpo humano. Vejamos, a seguir, suas principais aplicações no âmbito da Estética.

Rugas

O envelhecimento humano é intrínseco à existência de qualquer indivíduo, e, de maneira geral, a degradação dos sistemas da derme é uma das primeiras consequências desse processo no organismo.

O surgimento de rugas ou rítides decorre de fatores tanto intrínsecos como extrínsecos; mas, em síntese, um dos motivos da sua formação é a atrofia de regiões do sistema tegumentar e a contração constante da musculatura subjacente. 

Quando nos referimos ao uso do botox nessa afecção, a aplicação de quantidades específicas em músculos hiperativos resulta no relaxamento dos mesmos, levando à suavização da pele e à redução de rugas.

Pesquisas sugerem que esse recurso pode ter eficácia quando tratamos da melhora de linhas de expressão glabelares, cantais do sorriso, frontais horizontais, linhas de marionete, rugas ao redor dos lábios e bandas platismais.

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Indicações alternativas

De acordo com a pesquisa Alternative Clinical Indications of Botulinum Toxin – publicada por Alster e Harrison (2020) – a toxina botulínica pode ser utilizada em algumas indicações clínicas off label (aquelas que se distinguem das recomendações iniciais do produto/ainda não foram homologadas), como vemos na tabela abaixo:

É perceptível que a toxina botulínica é um recurso com alta credibilidade quando o assunto é rejuvenescimento facial. Pesquisas ainda apontam o uso da toxina em afecções como cicatrizes e alopecia androgenética; mas ressalto que os estudos que percorrem a sua aplicação alternativa precisam de maior embasamento e de um melhor delineamento metodológico. 

Contraindicações da toxina botulínica

Costumo dizer que, na Estética, saber o que não fazer é tão importante quanto saber o que fazer. Por isso, é muito importante estarmos sempre atualizados acerca das contraindicações de uma técnica, como ocorre com a toxina botulínica nas situações a seguir.

Alterações no sistema nervoso

Quando nos remetemos aos efeitos da toxina botulínica no organismo humano, é evidente que esse recurso se trata de uma substância que altera o funcionamento do sistema nervoso: a neurotoxina. 

A Clostridium botulinum, bactéria da qual deriva o princípio ativo da toxina botulínica, apresenta oito sorotipos imunologicamente distintos – que definem o peso molecular total do complexo de macromoléculas e sua composição – dos quais sete (A, B, C1, D, E, F e G) são considerados neurotoxinas.

A literatura científica comprova que o uso da neurotoxina é contraindicado em pacientes que apresentam doença do neurônio motor preexistente, miastenia gravis, síndrome de Eaton-Lambert e neuropatias.

Interferência medicamentosa

Evidências científicas apontam que alguns medicamentos têm a capacidade de interferir no funcionamento da toxina botulínica, aumentando ou diminuindo os efeitos da neurotoxina na musculatura em que ocorreu a aplicação. 

Os aminoglicosídeos, que atuam inibindo a síntese proteica das bactérias sensíveis e são usados, principalmente, por indivíduos com infecções causadas por bactérias Gram-negativas anaeróbias, aumentam os efeitos da toxina botulínica no organismo humano. 

Demais contraindicações

Gestantes, pacientes que transitam pelo período de lactação, indivíduos imunocomprometidos, com instabilidade psicológica, histórico de surgimento de cicatrizes queloideanas e que apresentam expectativas irrealistas quanto aos efeitos do tratamento são contraindicações à aplicação da toxina botulínica.

A estrutura anatômica do local em que a injeção será aplicada – tanto do sistema tegumentar quanto do sistema muscular – deve ser íntegra, e deve-se verificar o histórico de reação do paciente frente à toxina.

Além disso, é importante mencionar que diferentes marcas do ativo apresentam características distintas na formulação, podendo alterar os efeitos do recurso; por isso, deve-se analisar as contraindicações de cada produto.

Conclusão

A toxina botulínica tem eficácia comprovada quando o assunto é rejuvenescimento facial, já que seus efeitos em rugas ou rítides já são bem consolidados na literatura científica.

No entanto, aplicações alternativas desse recurso ainda precisam de estudos com melhor delineamento metodológico para que os mecanismos de ação da toxina e os efeitos nas demais afecções sejam plenamente compreendidos.

É essencial, também, que o profissional atente aos casos em que o tratamento com toxina botulínica pode causar efeitos adversos. Essa análise, que é fundamental e define se a conduta terapêutica pode ser aplicada, depende de uma avaliação clínica minuciosa e de qualidade.

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