O inverno é o momento ideal para aliar o peeling ao plano de tratamento — afinal, a exposição aos raios solares se torna menor nesse período. 

Com a estação mais fria do ano se aproximando, e para trazer maior segurança à sua prática clínica, eu separei 7 dúvidas recorrentes sobre o uso dos peelings químicos que podem ser as tuas, também.

Quais são os cuidados que se deve ter ao aplicar peeling para rejuvenescimento?

Existem muitas teorias que buscam elucidar o envelhecimento cutâneo. 

Dentre elas, a teoria dos telômeros traz que a duplicação cromossômica resulta em um encurtamento telomeral. Logo, após determinado número de divisões, as funções da célula são perdidas.

E o que isso tem a ver com os peelings químicos? 

Para promover o rejuvenescimento, costuma-se optar por ácidos que estimulam a renovação celular. Porém, caso a renovação celular seja estimulada de forma excessiva, os telômeros podem não ser mais capazes de preservar o DNA, e as células, assim, acabam perdendo a sua capacidade de reprodução.

Por isso, tome cuidado para não aplicar peelings como o retinoico de forma contínua e excessiva.

Peeling associado ao microagulhamento é seguro?

Levando em conta que um dos efeitos dos peelings químicos é remover estrato córneo, é preciso tomar cuidado para não optar por ácidos capazes de gerar uma lesão descontrolada. No pós-microagulhamento, especialmente, esse cuidado deve ser redobrado, uma vez que o tecido já sofreu estresse. 

Portanto, tenha cautela ao escolher ativos como o retinoico, tendo em vista que a literatura menciona a sua capacidade de gerar efeitos adversos. Por outro lado, o tranexâmico é uma opção mais segura para hiperpigmentação pós-inflamatória decorrente de microagulhamento.

Então, tenha sempre em mente quais são os efeitos que o ativo em questão promove no tegumento.

É indicado elencar peeling químico para o tratamento de rosácea?

A rosácea é caracterizada como um distúrbio inflamatório crônico relacionado a moduladores de KLK. 

É comum pensarmos que os ácidos químicos têm somente potencial lesivo. No entanto, alguns ativos são potentes anti-inflamatórios e moduladores de KLK, atuando diretamente na fisiopatologia da rosácea.

Por isso, sugiro:

  • Ácido azelaico: tem propriedades clareadoras, despigmentantes e antimicrobianas, e é um potente anti-inflamatório.

ou

  • Ácido mandélico: além de ser um alfa-hidroxiácido (AHA), hidrofílico, lipofílico, bactericida, renovador celular e clareador, o ácido mandélico apresenta ação antisséptica.

Lembre-se de não utilizar pHs muito baixos, porque o objetivo, aqui, não é gerar inflamação.

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Como combinar diferentes ácidos?

O grande erro na associação de ácidos é optar por aqueles que promovem os mesmos efeitos no tegumento. 

É preciso elencar ativos que atuam por diferentes vias em uma mesma afecção. Assim, os ácidos se complementam e resultam em um tratamento completo e eficaz. Caso o objetivo seja apenas potencializar os efeitos do peeling, basta aumentar a sua concentração.

Exemplo: para o tratamento de olheiras, é indicado associar o tioglicólico com o tranexâmico, porque as rotas de atuação são distintas. Por outro lado, como o ácido azelaico e o mandélico têm o mesmo efeito, é preciso optar por um deles ao tratar rosácea.

Azelaico 20% em pele sensível e acneica é uma boa?

Sim, o ácido azelaico é um bom ativo para elencar no tratamento de acne em pacientes com a pele sensível. Porém, a sua eficácia não se restringe a essa afecção. As evidências científicas apontam o azelaico como um potente ácido a ser elencado em casos de rosácea e melasma, também. 

No tratamento de hiperpigmentação, o peeling é, inclusive, um ótimo substituto da hidroquinona, ativo com efeitos citotóxicos muito bem descritos na literatura.

Tranexâmico via oral é um recurso seguro?

Existem evidências científicas que suportam o uso do ácido tranexâmico via oral quando o assunto é tratamento de melasma. 

No entanto, por atuar na via da plasmina, o ativo pode alterar a coagulação sanguínea, o que pode ser perigoso para alguns pacientes. Então, a sugestão que deixo é utilizar o ácido tranexâmico somente via tópica, e optar por ativos orais como o pycnogenol, que é um excelente antioxidante.

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Como perder o medo de trabalhar com peelings?

A resposta é simples: tome os cuidados necessários para minimizar os riscos de intercorrências. Grande parte dos efeitos adversos que surgem nas clínicas de Estética decorrem do uso incorreto do peeling. 

Antes de elencar os ácidos, atente a:

  • Tipo de pele e fototipo do paciente: por meio do questionário de Baumann, é possível definir se a pele é resistente ou sensível e se tem tendência à hiperpigmentação, e com o protocolo de Fitzpatrick, determinamos o fototipo do paciente;
  • Ativos referenciados pela literatura científica: procure em bases de dados como Scielo, Bireme e PubMed;
  • Concentração e pH do ácido: essas são duas variáveis que definem os efeitos que o ativo terá no tegumento. Lembre-se que peles muito sensíveis não podem receber pHs muito baixos, ao contrário de peles resistentes.

Com um olhar atento a essas questões, é possível elencar os peelings químicos com segurança e eficácia clínica, sempre lembrando da importância da adesão ao tratamento por parte do paciente, especialmente em relação ao uso do protetor solar, ingesta hídrica e hábitos alimentares.

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