Com a chegada do verão, a busca por tratamentos de celulite cresce ainda mais. Sabendo disso, é indispensável que profissionais alinhados à entrega de resultados seguros e pautados em evidências científicas dominem a fisiopatologia da condição e as diferentes vias de tratamento.

É sobre isso que eu falo no post de hoje.

Fisiopatologia da celulite

Primeiramente, é indispensável compreender a fisiopatologia da alteração estética. A literatura científica sugere três principais teorias que buscam explicar o surgimento da celulite: arquitetura subcutânea do tecido conjuntivo, alterações vasculares e inflamação reincidente.

Arquitetura subcutânea do tecido conjuntivo

Basicamente, tem-se que o tecido conjuntivo do organismo feminino se dispõe de forma radial ou perpendicular à superfície da pele. Assim, resulta em compartimentos retangulares que, aliados à alteração de pressão a que os adipócitos são submetidos na puberdade, fazem com que as câmaras de gorduras celulares e as papilas adiposas mudem de formato, sem que o volume seja alterado. 

Com isso, há a extrusão das papilas na interface derme-hipoderme, modificando a aparência da pele

Alterações vasculares

Segundo essa teoria, a formação de fibrose e a proliferação de fibroblastos, quando contornam as células adiposas, resultam em falência circulatória e insuficiência metabólica tecidual. A partir disso, tem-se uma degeneração do tecido adiposo e fibrose avançada nos tecidos próximos.

Inflamação reincidente

Mais recente e aceita pela literatura científica, a teoria da inflamação reincidente aponta os fatores inflamatórios como responsáveis pelo desenvolvimento dos septos fibrosos. 

Em suma, durante o período menstrual, o organismo feminino secreta metaloproteases para que ocorra o sangramento. As metaloproteases, por sua vez, contêm a enzima gelatinase B, que desempenha importante função no processo inflamatório. Além disso, atingem a malha dérmica no tecido conjuntivo e nos interpontos que formam o tecido adiposo.

Como resultado, ocorre a ruptura das ligações terciárias das fibras de colágeno, levando a um processo inflamatório crônico.

1ª: Avaliação de celulite

Seguindo a teoria da inflamação reincidente, tem-se que a celulite é dividida em fibrótica e inflamatória. Para elencar os recursos mais seguros e eficazes, é preciso, primeiramente, identificar em qual fase a afecção se encontra.

A termografia infravermelha é a principal forma de avaliação. Para avaliar, utiliza-se, como  base, a distribuição de temperatura na superfície tegumentar. Quando há uma diferença de 3-5 °C entre a região com celulite e as áreas adjacentes, tem-se que o quadro é inflamatório. 

Em caso de não haver uma termografia infravermelha na sua clínica, a sugestão é tratar a afecção, inicialmente, como inflamatória, uma vez que recursos que diminuem fibrose podem acentuar a inflamação.

2ª: Lipedema x Linfedema

Além disso, é necessário diferenciar a celulite de lipedema e linfedema.

Lipedema

O lipedema se trata de uma retenção hídrica, e o paciente costuma apresentar aumento de volume bilateral e simétrico dos membros inferiores. A afecção apresenta causa genética, mas também pode haver associação com distúrbios metabólicos, inflamatórios e hormonais.

Linfedema

O linfedema trata-se do excesso de líquido intersticial no espaço tecidual, sendo sinal de insuficiência linfática. O exame físico pode identificar edema em qualquer segmento do corpo, e também é possível realizar uma inspeção palpatória nos centros linfonodais.

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3ª: Plano de tratamento da celulite

O plano de tratamento se diferencia de acordo com o tipo de celulite.

Na celulite inflamatória, é possível associar eletroterapia, cosmetologia e nutricosméticos para garantir a entrega de resultados de qualidade.

Eletroterapia:

  • Ultrassom pulsado 5%, terapia combinada pulsada (ultrassom pulsado + corrente elétrica) ou fototerapia de baixa intensidade

Drenagem linfática manual, em direção aos sistemas linfáticos e em 45 mmHg.

Nutricosméticos:

  • Cactínea, chapéu-de-couro, quercetina ou rutina

Cosméticos:

  • Cafeína

Na celulite fibrótica, há diminuição de vascularização e produção excessiva de tecido.

Eletroterapia:

  • Ultrassom contínuo (no máximo em 1,5 W/cm²), radiofrequência (sem ultrapassar os 37 °C), ou endermologia (deve-se aplicar o recurso em todos os sentidos da superfície corporal)

Cosméticos:

  • Ginkgo biloba, Ananas sativus ou Cynara scolymus

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